A Fleximedical é uma empresa que transforma caminhões, carretas, containers, vans e ônibus em centro cirúrgico, ambulatório e centro de diagnóstico itinerantes, levando atendimento médico a regiões com escassez de estruturas de saúde. Em 2021 faturou 10 milhões de reais e a expectativa é chegar a 13 milhões em 2022.
Os serviços são contratados principalmente por órgãos do governo e empresas que prestam serviço para o SUS (Sistema Único de Saúde). À frente do negócio está a arquiteta Iseli Reis. “O Brasil tem dimensões continentais e mais de 40% da estrutura de saúde do país está no Sudeste. Nas outras regiões há uma falta de acesso gigantesca”, diz.
O negócio foi fundado em 2005. Reis trabalhou muitos anos no planejamento de hospitais, até que seu primo Roberto Kikawa a chamou para atuar na Fleximedical com ele. Iseli ficou responsável por coordenar a adaptação dos veículos enquanto Kikawa cuidava da parte estratégica do negócio.
A Fleximedical já tinha atendido 2 milhões de pessoas quando Kikawa foi morto em um assalto em 2018. “Eu era gestora operacional e me vi nessa situação. Ouvi muito que eu não conseguiria manter o negócio, mas pensei: ‘não posso parar’”, diz.
Reis assumiu o comando da empresa, que ganhou musculatura de lá para cá, além de certificações importantes. A Fleximedical é certificada como empresa do Sistema B (companhias que quilibram propósito e lucro) e também reconhecida como um negócio social pela Yunus Negócios Sociais. Hoje tem 70 veículos adaptados e já fez mais de 3 milhões de atendimentos.
O auge da demanda veio com a pandemia – entre 2019 e 2020 a empresa cresceu 130%. “Foi o grande momento de cumprirmos nosso propósito. Faltava UTI, faltavam estruturas de saúde e nos engajamos para chegar no maior número de pessoas possível. As estruturas da Fleximedical atenderam quase 100 mil pessoas no contexto da pandemia.
Agora, a Fleximedical se prepara para acelerar mais. Uma das principais apostas para 2022 são as cabines voltadas para atendimentos via telemedicina. O objetivo é ampliar as possibilidades da telemedicina, com cabines equipadas para medir pressão, temperatura, gordura corporal e até fazer um eletrocardiograma do paciente.
“Com essas cabines, podemos levar médicos do Sudeste para regiões sem acesso à saúde usando a tecnologia”, diz. A meta inicial da empresa é chegar a regiões brasileiras onde ela ainda não está, como Roraima, Rondônia, Acre, Piauí e Maranhão. Depois, olhar para as oportunidades fora do país.