Na esteira do crescimento das startups de saúde, as chamadas "femtechs" (empresas especializadas em soluções tecnológicas para saúde da mulher) também estão ganhando espaço no Brasil. Fruto desse movimento, a startup paulistana Oya Care, que funciona como uma clínica virtual para mulheres, anuncia nesta quarta-feira, 23, o recebimento de um aporte de R$ 16 milhões.
A rodada foi liderada pela firma americana de capital de risco Susa Ventures e contou com a participação dos fundos 1616 e Positive Ventures - nomes que já investiam na startup, como Canary e a IKJ Capital, também acompanharam o cheque.
Fundada em 2020, a Oya chegou oficialmente ao mercado no ano passado com um serviço de avaliação de fertilidade, pelo qual a mulher consegue saber como está sua reserva ovariana, qual idade é mais segura para planejar uma gravidez natural, qual é a previsão para a chegada da menopausa, entre outras questões.
O relatório é feito a partir de um exame de sangue e de uma consulta com uma ginecologista especializada em reprodução humana - o atendimento é remoto, com agendamento online. O serviço, que custa R$ 300, está disponível em cinco localidades: Grande São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Brasília e Curitiba. Para realizar a avaliação, a Oya conta com parcerias com laboratórios, que enviam enfermeiras para coletar o exame na casa da mulher. Pacientes de outras localidades que tiverem os exames em mãos podem marcar apenas a teleconsulta na Oya, pelo valor de R$ 200.
Após pedidos das pacientes, a startup também lançou o SOS Oya, que realiza atendimentos remotos com ginecologistas para queixas do dia a dia da mulher, desde infecções urinárias até candidíases. A consulta custa R$ 100.
Com os novos recursos, o plano da Oya é ganhar escala com esses produtos. Dentro disso, há a meta de triplicar o quadro de funcionários até o final do ano - hoje, a empresa tem 12 pessoas, sendo seis médicos. Além disso, parte do cheque será direcionada para investimento em tecnologia, visando melhorar o produto tanto para pacientes quanto para médicos.
"Nosso foco é fazer as mulheres se aproximarem da saúde por meio de conhecimento, diálogo e autonomia. Passamos por uma prova de conceito no ano passado, e agora chegou o momento de ampliar a nossa atuação", diz Stephanie von Staa Toledo, fundadora da Oya Care, em entrevista ao Estadão. "Também estamos em um processo de nos estabelecermos dentro da comunidade médica".
A Oya pega carona no bom momento vivido pelas startups de saúde no País. Depois de passarem anos à margem do crescimento de setores como o de fintechs, as chamadas "healthtechs" têm se consolidado com grandes nomes no mercado. Uma delas é a gestora de saúde Alice, que recentemente foi citada pela empresa de inovação Distrito como candidata ao status de "unicórnio" (nome dado às startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão). Outro destaque do setor é a Sami, que oferece planos de saúde e levantou R$ 111 milhões em dezembro. Dentro disso, é esperado que as "femtechs", sozinhas, movimentem US$ 50 bilhões no mundo até 2025, segundo a consultoria americana Frost & Sullivan.