Projeto Reab realizado pelo Hospital Sírio-Libanês, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde (MS), que antes focava especificamente na recuperação de indivíduos infectados por Covid-19, amplia sua atuação no processo de reabilitação de pacientes que foram diagnosticados com diversas comorbidades, como HIV/AIDS, pneumonia, Acidente Vascular Cerebral (AVC), entre outras. Além do MS, a iniciativa também é apoiada pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS) e pelo Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS).
Até dezembro de 2021, o projeto Reab já tinha visitado 10 hospitais — 2 em cada região, sendo 5 hospitais em 2020 e 5 hospitais em 2021 –, que receberam a capacitação multidisciplinar oferecida pelo PROADI-SUS. Estas equipes trabalharam lado a lado com especialistas do HSL para aprimorar os cuidados relacionados à reabilitação de pacientes. Com a implementação do projeto houve uma evolução de 22% na taxa de independência funcional (física) — Índice de Barthel; aumento de 78% a taxa de agregação de valor desde a internação na unidade de cuidados prolongados até a alta hospitalar do paciente; adesão de 76% ao protocolo de alta segura; diminuição em 15% do tempo médio de permanência na unidade de cuidados prolongados; diminuição de 20% no tempo médio de permanência na Unidade de Terapia Intensiva (UTI); e a diminuição em 38% dos casos de reinternação no hospital.
Segundo a Associação Americana do Coração (American Heart Association — AHA), é essencial reabilitar o paciente para que ele consiga voltar o mais próximo possível da sua rotina antes de passar pela UTI. De acordo com Amanda Pereira, coordenadora médica do projeto, “em função dessa iniciativa, o paciente da rede pública de saúde tem a oportunidade de voltar a fazer atividades do dia a dia dentro do hospital — ações simples, mas que possuem um grande impacto na qualidade de vida dessas pessoas, como poder caminhar e levantar-se sem precisar de ajuda, mas ainda assim acompanhado por especialistas multidisciplinares”.
A coordenadora ainda explica que o tempo é fundamental para a recuperação desses pacientes. “Se não pensarmos em reabilitação cedo, o paciente muito possivelmente não voltará a realizar suas atividades cotidianas de maneira funcional”. A iniciativa atua tanto na reabilitação da funcionalidade — que cuida do bem-estar físico — quanto na saúde mental do paciente. “Nessa fase, o burnout, a ansiedade e a depressão são os maiores vilões na recuperação desses pacientes”, completa.
Hospitais participantes dos ciclos anteriores do projeto de Reabilitação
Metodologia
O projeto utiliza a metodologia Lean, a mesma do projeto Lean nas Emergências, também realizado pelo Sírio-Libanês, o que permite promover a retomada segura das atividades hospitalares eletivas anteriores à pandemia, dependendo da dinâmica da doença nas regiões do Brasil. De acordo com Carina Pires, gerente do projeto pelo Sírio-Libanês, “a metodologia utilizada permite ainda uma maior organização e otimização dos serviços hospitalares, diminuição de desperdícios, melhoria do giro de leitos e estabelecimento de uma nova linha de cuidado entre os hospitais e a Atenção Primária à Saúde (APS). Estes pontos são fundamentais para fortalecer o cuidado integral do paciente em reabilitação”, conclui Carina.