A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) solicitou aos representantes da Amil e ao grupo de investidores um plano de ação para a carteira de usuários do convênio médico individual da Amil. Esse plano deverá contemplar com detalhes, por exemplo, como ficará a rede de atendimento, que hoje conta com 25 mil credenciados.
Desde setembro, há uma avalanche de reclamações de usuários se queixando de descredenciamento, principalmente, de clínica e laboratórios. Em outubro, a ANS verificou uma alta de 31% no volume de reclamações na carteira de planos individuais em relação ao mês anterior. No acumulado dos últimos 12 meses, encerrado em janeiro, a alta é de 128,5%.
A agência aprovou, no fim de dezembro, a transferência da carteira de planos de saúde da Amil para a APS (Assistência Personalizada à Saúde), uma operadora que também pertence à UnitedHealth Group (UHG), dona da Amil.
Em fevereiro, o grupo de investidores formado por Fiord Capital, Seferin & Coelho e Henning Von Koss tentou uma transferência parcial das cotas da APS, no entanto, a agência reguladora barrou esse processo porque não havia informações sobre qual seria essa fatia, a origem e condições financeiras dos potenciais adquirentes. Além disso, surgiram rumores que a UnitedHealth deixaria o país e uma série de reclamações de descredenciamento. No processo de transferência de carteira, a Amil se comprometeu a manter a rede de atendimento durante cinco anos.
Agora, o grupo de investidores entrou com documentação para transferência total das cotas da APS, mas esse processo ainda vai levar de dois a três meses, uma vez que várias diretorias da ANS analisam o pedido.
A ANS pediu novamente aos representantes da Amil, APS e grupo de investidores maior transparência. Uma das razões para o processo de mudança societária ter sido interrompido, na semana passada, é que eles não forneceram informações. “Na primeira reunião, eles alegaram sigilo, mas não é possível ter sigilo com o regulador. Isso não existe”, disse Paulo Rebello, presidente da ANS.
Ontem, esses mesmos representantes estiveram numa reunião no Procon-SP e a queixa foi a mesma. “Foi frustrante, eles não falaram nada, alegaram sigilo”, disse Fernando Capez, diretor executivo do Procon-SP, explicando que não participou do encontro, mas foi informado por sua equipe. Capez diz ainda que pretende entrar com uma ação para impedir a transferência da carteira.
O grupo de investidores informou, por meio de nota, que “agradece a oportunidade fornecida pelo Procon e acredita ter ajudado, nessa primeira reunião, a esclarecer grande parte das dúvidas relacionadas com as necessidades dos beneficiários”.
Diante de milhares de reclamações, a Amil apresentou, ontem à ANS, as ações que foram realizadas recentemente. A operadora citou a redução do tempo de autorização para cirurgias eletivas com OPME (órtese, prótese e material especial), implementação de novo fluxo para busca de rede, agendamento e direcionamento nas centrais de atendimento, retirada temporária de exigência de autorização prévia para liberação dos exames laboratoriais, entre outros.
Posicionamento
A Amil informa que atendeu voluntariamente à convocação do Procon-SP para esclarecimentos sobre a transferência de beneficiários dos planos individuais Amil para a APS, operadoras do mesmo grupo de saúde, em 17 de fevereiro de 2022, na sede do órgão.
A empresa reitera que a transferência ocorreu integralmente em conformidade com a regulação, garantidas a continuidade das coberturas e as condições dos contratos estabelecidos com a Amil, além da capacidade técnica e financeira da APS. Portanto, obteve sem ressalvas a aprovação da Agência Nacional de Saúde Suplementar em 22 de dezembro de 2021.
Sobre as insatisfações registradas por seus beneficiários, a empresa esclarece que todas são tratadas individualmente e agrupadas por categorias para revisões operacionais, de aplicação imediata. Entre as revisões recentes, cabe destacar o aumento da capacidade e dos níveis de serviço de atendimento ao cliente, em todas as suas plataformas: SAC, App, Site e Ouvidoria; a intensificação da comunicação com o beneficiário e a revisão de alguns fluxos com impacto direto na redução do tempo de autorizações.
A Amil e a APS reiteram seu compromisso com o contínuo aperfeiçoamento da experiência dos seus beneficiários.