Atualmente, as duas operadoras verticalizadas têm atuação regional. A Hapvida é forte no Norte e Nordeste, enquanto a Intermédica tem maior presença no Sudeste. Essa presença em praças específicas faz com que elas deixem de vender seus convênios médicos a grandes companhias que possuem funcionários distribuídos em todo o país. Esse mercado é atendido pelas Unimeds, Bradesco, SulAmérica e Amil que trabalham com rede credenciada. Já Hapvida e Intermédica operam com rede própria. Das 27 capitais do país que estão presente, as companhias têm unidades verticalizadas em 19 delas.
A Intermédica estima que, atualmente, cerca de 40% de suas ofertas são recusadas pela falta de um produto de cobertura nacional. Isso representa cerca de 1 milhão de usuários que podem ser capturados nos próximos três anos e levar a um aumento de 2,1% na participação de mercado da companhia combinada. No atual cenário, as operadoras têm juntas cerca de 18% de market share.
“Acreditamos que já em dois meses, esse novo produto de cobertura nacional estará no mercado”, disse Irlau Machado, presidente da NotreDame Intermédica. “Nesses últimos meses, trabalhamos com nossos times de integração, refinando dados para oferecer logo esse produto” complementou Jorge Pinheiro, presidente da Hapvida.
Ambos executivos vão compartilhar a presidência da companhia combinada e cada qual continuará tocando o dia a dia de suas respectivas operadoras nos próximos três anos — período em que o setor de saúde ainda passará por um processo de consolidação.
“Não queremos desestimular o atual momento das companhias, que continuam com suas agendas de crescimento, independente da fusão”, destacou Pinheiro.
O aumento de receita também virá de ampliação de oferta de plano individual no país, modalidade escassa em São Paulo, e de venda cruzada de produtos como convênio dental. Na Hapvida, a carteira de individual representa cerca de 23%.
A linha de custos, com renegociação de contratos de suprimentos, deve trazer sinergias de R$ 241 milhões. Já nas despesas, é esperada uma economia de R$ 339 milhões — totalizando um impacto de R$ 580 milhões no Ebitda.
Do montante de R$ 1,4 bilhão previsto como ganho de sinergias, 40,3% serão capturados já neste ano. Em 2023, essa fatia estará em 70,1% e atingirá sua totalidade no fim de 2024.
Esses valores não incluem ganhos de sinergias tributárias, que podem ser contabilizadas por cinco a sete anos, e os custos de integração que devem ficar entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões até 2024.
Os ganhos de sinergias não consideram as possíveis aquisições que continuam no radar de Hapvida e Intermédica. “Esse Ebitda adicional de R$ 1,4 bilhão é um valor conservador. Continuamos com apetite para crescer em M&As”, disse Machado.
Outro ganho relevante ainda não contabilizado é a redução de custos médicos. Os dois executivos estão empenhados em soluções de saúde preditiva por meio da medicina diagnóstica. A meta é integrar por meio de inteligência artificial os dados obtidos nos exames realizados nos laboratórios próprios das operadoras. E, com isso, traçar as tendências de risco de surgimento e piora de doenças, adoção dos melhores tratamentos médicos, além de acompanhamento de pacientes crônicos. A Hapvida tem cerca de 200 unidades laboratoriais, enquanto a GNDI vem investindo para ampliar essa divisão.
Na próxima sexta-feira, as ações das duas operadoras serão integradas e na segunda-feira, dia 14, os papéis da Intermédica deixam de ser negociadas na B3.