Roche prevê queda nos negócios com covid-19
04/02/2022
 
A farmacêutica suíça Roche trabalha com a expectativa de que a pandemia de covid-19 estará enfim freada no segundo semestre deste ano, e seus negócios vão continuar expandindo graças à demanda por novos medicamentos e diagnósticos, inclusive no Brasil. 
 

O faturamento mundial do grupo cresceu 8% em franco suíço para 62,8 bilhões (US$ 68,3 bilhões) em 2021, impulsionada pela divisão de diagnósticos. No Brasil, a Roche Farma Brasil voltou a crescer, com vendas de R$ 3,5 bilhões, alta de 2% em relação a 2020. Por sua vez, a Roche Diagnóstica no país fechou o ano com faturamento de R$ 852,6 milhões, salto de 26,5% comparado ao ano anterior. 

Já prevendo uma freada da epidemia em várias partes do mundo, o laboratório suíço antecipa um recuo globalmente da ordem de 2 bilhões de francos suíços de vendas de produtos farmacêuticos e diagnósticos ligados à covid-19 neste ano, com as vendas devendo alcançar cerca de 5 bilhões de francos suíços. 

Também em nível mundial, a Roche diz estar conseguindo compensar a perda de receita causada pelo fim de patentes e consequente concorrência de biossimilares. Essa perda baixou para 4,5 bilhões de francos suíços contra 5,1 bilhões em 2020 e deveria continuar diminuindo para 2,5 bilhões de francos neste ano. 

No Brasil, o presidente da Roche Farma, Patrick Eckert, qualifica de “muito bom, não só bom’’ o resultado de 2021, com alta de 2% nas vendas após queda de 4% em 2020. Ele nota que desde o começo da pandemia muitos tratamentos foram suspensos, e muitas pessoas perderam seus planos de saúde com o fechamento de empresas. 

 

Segundo o executivo, o ganho em 2021 foi impulsionado por terapias inovadoras, que registraram aumento de 38,9% comparado a 2020. As inovações representam, hoje, a principal parcela de faturamento da empresa no país, com R$ 1,396 bilhão. Os produtos com maior impacto foram Parjeta, Kadcyla, Tecentriq (câncer de mama, entre outros), Ocrevus (esclerose multiplica), Alecensa (câncer de pulmão). 

O executivo destaca que Roche Farma Brasil investiu em 2021 mais de R$ 336 milhões em inovação no país, num aumento de 15% em relação a 2020. Também continuou a “transformação da Roche’’, com os representantes de vendas dando espaço agora ao conceito de “Primeira Pessoa de Contato’’, profissionais especializados não dedicando seu tempo a fazer “propaganda’’ e sim a discutir soluções para desafios nos sistemas de saúde. “Somos a primeira empresa farmacêutica a trazer esse modelo revolucionário de trabalho para o país’’, diz Eckert. 

Para 2022, a expectativa é de crescimento dos negócios na mesma linha de 2021. As vendas de Herceptin e MabThera tiveram queda de 53%, por causa da concorrência com os biossimilares, mas agora a companhia espera perda significativamente menor. Já os biossimilares de Avastin somente neste ano entram em venda no Brasil, e causarão perdas. 

Eckert dará continuidade à estratégia em medicina personalizada e gestão orientada por dados. Planeja vários lançamentos no Brasil neste ano. Pela primeira vez o portfólio no Brasil contará com soluções voltadas à oftalmologia. E espera obter a aprovação regulatória para o medicamento ranibizumabe, associado ao device PDS (device de implante cirúrgico ocular recarregável). 

Por sua vez, no caso da Roche Diagnóstica, globalmente produziu 27 bilhões de testes, dos quais 1,2 bilhão de testes de covid. No Brasil, em 2021 essa divisão faturou 26,5% a mais que no ano anterior, ou R$ 179 milhões a mais. Especificamente as vendas de teste para diagnosticar covid alcançaram R$ 105 milhões, ou 7,1% a mais que em 2020. 
 

Carlos Martins, novo presidente da divisão no país, diz que o ritmo no negócio de testes para covid será diferenciado, até pelas diferentes ondas da pandemia, e projeta contínuo aumento de vendas de testes para diagnosticar covid. 

Por exemplo, no fim de janeiro, a Anvisa aprovou a comercialização do autoteste para que os pacientes possam diagnosticar em casa se tem o vírus ou não. A Roche Diagnóstica já entrou com o pedido de aprovação de seu teste nasal à Anvisa. “Nossa expectativa é de liberação (dos testes) a partir da segunda semana de março’’, diz Martins. “E aí teremos nosso teste no varejo, nas empresas etc. E esperamos que o governo fale de forma clara que vai ajudar a população pagando pelos testes’’. Na Suíça, o governo pagou por pelo menos dois testes por mês; em Portugal, por quatro, por exemplo. 

Também para 2022, está nos planos o lançamento do teste rápido de antígeno para diferenciar entre covid e influenza A/B. A divisão prepara alguns lançamentos de novos produtos das linhas de sorologia, molecular, e no diagnóstico de doenças complexas, como é o caso de Alzheimer. 

A Roche diz que reduziu drasticamente os níveis hierárquicos da empresa no Brasil. E em março muda a sede para cinco andares na Torre Sigma, em São Paulo. A nova sede deve proporcionar o retorno gradual dos funcionários ao trabalho presencial a partir de março. 

 

Fonte: Valor




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