Em 2021, a pandemia, como já ocorrera no ano anterior, exigiu esforço de guerra de toda a cadeia de valores da saúde, com ênfase para os profissionais do setor, que se superaram para salvar vidas. Nessa missão, médicos, enfermeiros e todo o pessoal da linha de frente dos hospitais e atendimento direto aos pacientes, tiveram uma grande aliada, chamada tecnologia, que tem avançado cada vez mais, tanto no que diz respeito a equipamentos, como respiradores, aparelhos para exames de imagem e monitoramento das funções vitais, como nos aplicativos e plataformas de TI, no contexto da profunda transformação digital em curso.
Mobilizada e alerta, pois, a despeito do êxito da vacinação no Brasil, ainda é preciso dimensionar os riscos reais da variante ômicron, a indústria de alta tecnologia para a saúde vislumbra 2022 com perspectivas mais otimistas, principalmente se os índices de contaminação da Covid-19 seguirem descendentes, como vem se observando nos últimos meses de 2021. Se continuarmos adotando todos os cuidados básicos necessários e com a sequência da imunização em massa, teremos tudo para comemorar expressivas vitórias contra o novo coronavírus em 2022.
De fato, em um levantamento realizado nas empresas associadas da ABIMED em novembro passado, 66% das respondentes apontaram expectativa de crescimento na base de negócios para o próximo ano. O resultado, portanto, gera perspectivas de novas contratações e sustentação dos investimentos atuais.
O ano novo será particularmente relevante para os brasileiros, que irão às urnas para eleger o presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Seria bastante produtivo para o País se o Congresso Nacional, cuja presente legislatura conseguiu aprovar medidas importantes, conseguisse conciliar a agenda eleitoral com o prosseguimento das reformas estruturais, principalmente a tributária e a administrativa. São medidas importantes para melhorar o ambiente de negócios e contribuir para a retomada do crescimento em patamares mais elevados, bem como a recuperação dos empregos e dos investimentos. Entretanto, no âmbito da reforma tributária é de fundamental importância que os legisladores trabalhem com cenários que, no mínimo, não impliquem aumento da carga de impostos hoje incidente sobre o segmento de equipamentos e dispositivos médicos, uma das mais altas no mundo.
Também se exigirá um esforço grande do governo, de toda a sociedade e do universo corporativo no sentido de impedir a continuidade da escalada inflacionária, um fenômeno mundial, que nos atingiu de modo mais agudo este ano, na esteira da desorganização de várias cadeias de suprimentos provocada pela pandemia. Esse é um desafio crucial, pois com menores índices, poderemos retomar um novo fluxo de redução dos juros, fator que contribui para o avanço do PIB.
Consciente dos desafios e obstáculos a serem vencidos, analisamos com responsável otimismo o potencial de uma retomada da economia nacional em 2022. O segmento de produtos, tecnologia, equipamentos e suprimentos médico-hospitalares, com participação de 0,6% no PIB, constituído por aproximadamente 13 mil empresas e gerador de 140 mil empregos diretos de alto perfil técnico, tem missão estratégica nesse processo. Afinal, ao lado dos profissionais da área, é um dos pilares na luta contra a pandemia e no âmbito do propósito permanente de proporcionar melhor saúde aos brasileiros, uma prioridade com alto impacto na qualidade da vida e nos índices de produtividade, competitividade e prosperidade econômica.
Acreditamos que, com o empenho de todos — poder público, sociedade, empresas e entidades de classe –, poderemos ter bons resultados no ano novo. Há tratamento para os males de nosso país! Basta fazer os diagnósticos corretos e prescrever as receitas adequadas.
*Fernando Silveira Filho é presidente-executivo da Abimed.