Franquias já operam em hospitais e até em estádios
29/08/2014 - por Por Katia Simões | De São Paulo

Há três anos, 50% das lojas da rede fast food Subway eram instaladas em shopping centers. Hoje, das 1.500 em operação, 70% encontram-se em pontos alternativos, como universidades, aeroportos, rodoviárias e nas recém-inauguradas Arena Pernambuco, em Recife, e Fonte Nova, em Salvador. "Nos Estados Unidos é comum operarmos até mesmo em hospitais. No Brasil, contudo, as ofertas começam a se multiplicar apenas agora", afirma Roberta Damasceno, gerente nacional da Subway.

O caminho para viabilizar as operações passa pela flexibilização do tamanho das lojas e cálculos na ponta do lápis. Uma loja de 80 m2 não pode faturar menos do que R$ 100 mil mensais em aeroportos ou rodoviárias, correndo o risco de não pagar as contas. Assim, criamos modelos a partir de 40 m2 ". Com a equação fechada, a Subway quer estabelecer-se como âncora. Não abre mão de um franqueado experiente, acostumado à rotina e à frente de outras operações.

Roberta ressalta que as arenas esportivas exigem ainda mais atenção, por se tratarem de um ponto muito novo no Brasil. Como o fluxo de pessoas é grande em um mesmo espaço de tempo, é preciso trazer a operação de fora para dentro. Isso significa enxugar o cardápio e trabalhar com sanduíches prontos e embrulhados, o que agiliza o atendimento. Com a experiência adquirida nas duas arenas, a rede se prepara para abrir um novo ponto no Estádio Couto Pereira, em Curitiba, com atendimento para o público que frequenta os jogos e clientes externos, já que a loja terá acesso também pela rua.

Quem resolveu testar o poder dos estádios foi o Grupo Trigo, responsável pelas redes Spoleto, Kone Store e Domino's Pizza, com uma operação store in store dentro do Complexo do Mineirão, em Belo Horizonte. "Por enquanto é uma experiência, queremos ver como a franquia se desenvolve", declara Antonio Moreira Leite, diretor da Trigo Franchising. O foco de expansão do grupo tem sido os aeroportos, com desempenhos positivos em Brasília, São Paulo (Guarulhos) e Fortaleza, além de grande interesse em operar em Congonhas (São Paulo), Viracopos (Campinas), no Santo Dumont e Galeão, ambos no Rio de Janeiro. "Com a privatização, as lojas ganharam um visual mais moderno e as administrações tornaram-se mais profissionais, com clara melhoria operacional", afirma Leite.

O mesmo movimento vem acontecendo nos terminais rodoviários do Rio e São Paulo. A Rodoviária Novo Rio, por exemplo, está entre as cinco que mais faturam por três anos consecutivos. É uma das melhores operações da rede no Brasil, que conta com 502 unidades e deverá fechar 2014 com um faturamento de R$ 890 milhões. "Espera-se que em um futuro próximo as arenas esportivas revelam o mesmo desempenho."

Seguindo a tendência mundial, as novas arenas foram planejadas para oferecer mais do que um jogo de futebol. A estrutura modular de rápida capacidade de adaptação foi pensada para receber shows, feiras, congressos, convenções, museus e até centros de comércio com praças de alimentação e lojas. "O desafio, entretanto, é grande, porque se trata de um mercado novo", afirma Marcelo Frazão, diretor de marketing do Maracanã.

Frazão destaca que as três arenas administradas pela Odebrecht já registram um bom volume de público. Por ano, entre tour, jogos e visitação circulam pelo Maracanã 3,2 milhões de pessoas; na Fonte Nova são mais de um milhão e em Pernambuco, 750 mil. "O Maracanã leva vantagem, além da área do em torno ser usada para a prática de exercícios, o estádio faz parte do roteiro turístico da cidade", diz Frazão. "Durante a Copa, foi o terceiro lugar mais visitado no Rio de Janeiro". A boa localização é, na visão de André Friedhein, diretor da Associação Brasileira de Franchising (ABF), um dos fatores de maior peso para o sucesso. "O varejo está aprendendo a trabalhar nesses pontos, ainda não há um histórico de desempenho capaz de orientar as decisões", afirma o executivo. "São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, fica mais fácil planejar. As arenas mais distantes têm de ter muito apelo para atrair o consumidor. O jogo de futebol é um ingrediente importante, mas não pode ser o único."


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