Como unir dispositivos médicos e inovação na Saúde brasileira?
Mesmo com obstáculos, Brasil tem potencial para o desenvolvimento de novos dispositivos médicos, diz pesquisa do EmpreenderSaúde e especialistas da Universidade de Stanford
29/08/2014


“É inevitável que num futuro próximo a maior parte do trabalho médico seja substituído por hardwares e softwares inteligentes”. A frase, que mais beira uma profecia, pertence ao empresário indiano Vinod Khosla, mas foi defendida pelo brasileiro Robson Capasso, professor de Otorrinolaringologia e do programa Biodesign da Universidade de Stanford (EUA), durante o MedTec MD&M Brazil, nesta quarta-feira (27). 

Acostumado com a “opressão” pela inovação [termo escolhido por ele próprio] que circunda a região do Vale do Silício, na Califórnia (EUA), as previsões de Khosla, na opinião do professor, devem ser levadas a sério caso se tenha interesse em investir na Saúde. “E para quem quer continuar no setor ou começar, não existe melhor hora”, disse Capasso, que foi um dos integrantes do painel de lançamento da pesquisa Medical Devices no Brasil, liderada pelo médico e engenheiro Kleber Stelmasuk, do grupo de mídia EmpreenderSaúde. 
 
A relação entre o que se espera do futuro da Saúde com o mercado de dispositivos médicos é total, pois os cuidados médicos estão cada vez mais automatizados no mundo todo, ou seja, precisando de dispositivos ultra-inteligentes. O último relatório de Khosla, que ficou conhecido por ter sido co-fundador da Sun Microsystems, criadora da linguagem de programação Java e NFS (Network File System), prevê que: 
 
  • 80% do que os médicos fazem (diagnósticos) serão substituídos por máquinas
  • A medicina será feita sob medida para cada paciente 
  • As tecnologias consumíveis, apps por exemplo, vão criar incentivos eficientes para manter as pessoas saudáveis 

Diante disso, como aproveitar as oportunidades, desenvolver P&D e ser relevante globalmente em uma área em que os produtos variam desde abaixadores de língua até neuro-navegadores? A pesquisa da Empreender e as experiências tanto do Capasso e do engenheiro e gerente de marketing do Biodesign, de Stanford, Ravi Pamnani, apontaram algumas diretrizes para o Brasil. 

Apesar das barreiras já bastante mencionadas por quem atua e analisa a indústria de Saúde, inclusive sendo tema principal da última revista Saúde Business (Top Hospitalar), produzida pela IT Mídia, como aspectos regulatórios inconsistentes, lentidão na aprovação dos produtos, peso tributário, aumento de custos devido à mudança demográfica, entre outros, a notícia boa é que o Brasil tem sim características importantes que podem impulsionar o desenvolvimento. 

Dentre algumas delas, a experiência do País em trabalhar com custos reduzidos, tendo maior expertise sobre isso do que as empresas americanas, na opinião de Capasso, e o potencial dos profissionais locais nas áreas médica e de engenharia, mas ainda com pouco conhecimento no desenvolvimento de material médico. 

Outros pontos fortes da pesquisa foram colhidos da Abimo (Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios), em levantamento com CEOs do setor: 
 
  • Maior mercado da América Latina, tendendo a gastar por volta de US$ 24 bilhões em dispositivos médicos (medical devices) e US$ 1 bi em e-health
  • Novos programas - monitoramento anti-corrupção e sistemas de compliance
  • Melhor distribuição para o mercado regional 
  • Programa de aceitação de medical deviceis nacionais:
  • Hospitais públicos compram com menores taxas se nenhuma empresa nacional produzir o equipamento ou sendo produzido localmente, o preço for maior do que o importado
  • Cooperação entre instituições públicas, além de programas de financiamento para projetos universitários
  • Programas de Saúde da Família 




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