A variante Ômicron do coronavírus deve se tornar a dominante no Brasil ainda na primeira quinzena de janeiro. A previsão é do virologista Fernando Spilki, coordenador da rede Corona-Ômica, que reúne laboratórios brasileiros para captar, sequenciar e analisar o genoma de amostras do Sars-CoV-2.
“A notificação de casos e sequenciamento está aquém do que podemos fazer, mas temos vários indicativos dessa chegada da variante”, afirmou.
O diagnóstico sobre a circulação da variante no Brasil está prejudicado no momento pela subnotificação de casos, pelos problemas nos dados do Ministério da Saúde e pelo fato de alguns laboratórios estarem voltando agora do recesso de fim de ano.
Mas é possível prever, segundo ele, que a variante Ômicron se espalhe pelo país de forma bem mais acelerada que a Delta. Ele destaca que a expansão da circulação do vírus em São Paulo e no Rio de Janeiro está sendo muito acelerada, e que no primeiro estado é possível que a variante se torne a principal ainda nesta semana.
“Desde a semana que precedeu o Natal que foi possível observar um aumento da demanda por diagnósticos e da alta positividade dos testes”, afirmou ele, que destaca a impossibilidade de confirmar quais os positivos são de qual variante. Isso porque muitos dos testes feitos são rápidos, e, portanto, não envolvem o envio de amostras para sequenciamento genético.
Os ataques aos sistemas do Ministério da Saúde, segundo ele, contribuem para que o avanço da Ômicron seja mais perceptível pela experiência do que pela fidedignidade dos dados dos testes.
“As últimas semanas antes de dezembro foram boas, vínhamos com uma queda expressiva e sustentada de casos. Mas em dezembro a situação piorou muito em termos de dados, o diagnóstico é mais difícil”.
A CNN procurou o Ministério da Saúde para repercutir a fala do especialista sobre os ataques ao sistema e aguarda retorno.