Ele reitera que o surgimento da ômicron mudou o entendimento sobre o vírus. “Um mês atrás, achávamos que o vírus da covid-19 não mudaria tanto comparado ao influenza. No entanto, em quase dois anos vimos tantas variantes, especialmente a ômicron, e agora esperamos que mais cepas continuarão aparecendo.”
Zijie diz que tende a concordar com outros cientistas que já afirmam que vacinas contra a covid poderão passar a ser aplicadas simultaneamente ao imunizante da gripe. No Reino Unido, por exemplo, um estudo iniciado no meio do ano e liderado por pesquisadores do Sistema Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês), similar ao SUS no Brasil, já analisa quais efeitos colaterais as pessoas obtêm quando recebem a vacina contra a gripe e a vacina da AstraZeneca e da Pfizer ao mesmo tempo. Além disso, investigam a consistência da resposta imunológica do organismo para cada dose.
Letalidade - Embora acredite que novas variantes surgirão e que protocolos da pandemia terão que ser, em maior ou menor medida, estendidos até 2023, pelos menos, o cientista chinês pondera que a tendência é ver o vírus se tornando cada vez menos letal. “Essa é a boa notícia”, disse. “Mesmo que as vacinas não consigam deter as transmissões, o mais importante é que podemos reduzir a gravidade da doença e as pessoas não precisarão ter mais tanto medo dela”.
Coronavac Pfizer - Em resposta à desconfiança de parte da população em relação à Coronavac, vista mais no início da campanha quando pessoas buscavam postos de saúde com vacinas da Pfizer ou da Janssen, Zijie diz que científica e estatisticamente já há provas suficientes de que o imunizante da Sinovac funciona e não gera efeitos colaterais maquiavélicos.
“Quase 2 bilhões de pessoas tomaram as nossas vacinas. Nós temos um sistema de vigilância sanitária que nos deixa muito confiantes sobre a segurança do nosso imunizante. Pode não ter sido totalmente eficaz em interromper as transmissões da doença, mas salvaram muitas vidas. Nossa vacina atingiu altas taxas de proteção que evitaram infecções mais severas.”
Vacinação no Brasil - Em relação ao Brasil, o diretor médico da Sinovac disse que está impressionado com a alta adesão da população às vacinas. “Antes da covid-19, eu não estava familiarizado com o Brasil em termos de aceitação do público a vacinas. Mas o país mostrou uma boa base de promoção da vacinação. Em geral, é difícil ver essa alta taxa de aceitação”, comentou. Isso a despeito das políticas conflituosas do governo [federal] brasileiro. Ainda assim as pessoas aceitaram e identificamos uma cobertura vacinal muito alta”.