Por que não devemos subestimar a ômicron, a nova variante da covid-19
01/12/2021
Relatos de uma covid-19 com sintomas leves causada por ômicron precisam ser interpretados com cautela, pois podem não refletir a gravidade da nova variante em uma ampla gama de pessoas. 
 

Fadiga, dores de cabeça e corpo e ocasionais dores de garganta e tosse estão entre os sintomas típicos experimentados por pacientes com a ômicron, de acordo com Angelique Coetzee, a médica na África do Sul cujas observações ajudaram os cientistas a identificar a cepa preocupante. 

As manifestações contrastam com o batimento cardíaco acelerado, baixos níveis de oxigênio no sangue e uma perda de olfato e paladar frequentemente observada em pacientes com a variante delta do novo coronavírus, disse ela. 

Embora esses relatos sejam encorajadores, eles podem representar apenas um subconjunto de casos e uma fração do risco que poderia emergir e se espalhar pelo mundo. Estudos que avaliam os padrões da doença são necessários para medir a virulência da ômicron em diversos grupos de pacientes, disseram especialistas em saúde pública. 

Algumas razões pelas quais os especialistas estão cautelosos sobre os casos com a ômicron descritos até agora: 

  • Eles podem estar ocorrendo principalmente em jovens e aqueles em menor risco agora, mas isso pode mudar à medida que se espalha; 

  • É o começo, e sintomas mais sérios podem se desenvolver na segunda semana após a infecção; 

  • Vacinas e infecções anteriores podem fornecer proteção aos pacientes atuais que outros ainda não têm. 

A covid-19 traz consigo um espectro de sintomas e tem maior probabilidade de ser fatal em pessoas com mais de 65 anos. Cerca de 80% dos casos têm sintomas leves ou nenhum, 15% são graves e requerem oxigênio e 5% são críticos, levando à ventilação, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

 

A OMS alertou sobre o potencial de surtos de covid-19 com “consequências graves” alimentados pela ômicron, cujas alterações genéticas sugerem que ela pode ser mais transmissível e capaz de escapar da imunidade fornecida pela vacinação ou uma infecção anterior. 

Embora apenas 36% dos adultos na África do Sul estejam totalmente vacinados, o país experimentou três ondas de covid-19 e pelo menos 3 milhões de pessoas já foram infectadas. Um estudo de 2020 descobriu que mais de um quarto dos pacientes em instalações de saúde pública em Gauteng, a província que inclui Joanesburgo, onde os casos estão aumentando, tinham anticorpos contra o vírus durante a primeira onda. 

Imunidade parcial 

Um caso anterior de covid pode fornecer algum nível de proteção contra a ômicron, resultando em uma doença mais branda, disse Sanjaya Senanayake, médico de doenças infecciosas e professor associado de medicina da Australian National University, em Canberra. Pesquisadores no Catar relataram este mês que reinfecções eram 90% menos prováveis de resultar em hospitalização ou morte do que infecções primárias. 

 

“Não podemos dizer com certeza que isso significa que, em todo o mundo, a ômicron será leve para todos”, disse ele. “Ainda pode ser uma cepa bastante virulenta e desagradável.” 

Vastas faixas do globo permanecem desprotegidas, não tendo sido vacinadas ou previamente infectadas. E infecções em pessoas totalmente vacinadas são conhecidas, especialmente com a variante delta, disse Senanayake. 

“A questão é: até que ponto a vacina é menos eficaz” na prevenção de infecções pela ômicron do que as causadas por delta, disse ele. “Provavelmente obteremos melhores dados epidemiológicos de países desenvolvidos que têm casos com a ômicron e sistemas de notificação e vigilância muito bons.” 

As autoridades de saúde dos EUA estão recomendando doses de reforço para robustecer a proteção imunológica contra uma onda de covid no inverno, incluindo a disseminação potencial da ômicron. Uma dose adicional provavelmente desencadeará um aumento nos níveis de anticorpos que podem proteger contra doenças graves, disse Catherine Bennett, professora de epidemiologia na Deakin University, em Melbourne. 

Pílulas antivirais sendo desenvolvidas por empresas como MSD (conhecida como Merck no exterior) e Pfizer também podem mitigar a ameaça da ômicron e outras variantes preocupantes, disse ela. 

 

Fonte: Valor




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