A DNA Capital, fundo focado em saúde que tem a família Bueno como maior acionista, está investindo R$ 1 bilhão por 25% da divisão de cursos de medicina da Ânima. Com o aporte, esse braço do grupo educacional que já se posiciona como o segundo maior no mercado de cursos de medicina, a graduação mais rentável do ensino superior, é avaliada em R$ 5 bilhões.
Os recursos são destinados à expansão orgânica, aquisições e uma entrada mais forte em tecnologia na Inspirali, braço de saúde da Ânima. Com a deflagração da pandemia e a chegada do 5G, há uma demanda crescente por soluções digitais para telemedicina, cirurgias a distância e cada vez mais dentro de sala de aula há simulações de procedimentos médicos realizadas com uso de tecnologia. A DNA Capital, controladora da Dasa e Viveo, tem forte expertise em healthcare, tendo já feito cerca de 20 investimentos em startups de saúde.
O aporte de R$ 1 bilhão foi fechado para esse fim, mas ao entrar no caixa da companhia vai servir também para reduzir o endividamento da Ânima que, hoje, está no limite de 4,1 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) — um ponto muito questionado por investidores. O grupo tem esse passivo devido à aquisição da Laureate Brasil por R$ 4,4 bilhões.
“Nossa alavancagem cai para 2,8 vezes o Ebitda. Com esse aporte, vamos destravar nosso crescimento. Vamos poder aproveitar as oportunidades que surgem no mercado”, disse André Tavares, diretor financeiro da Ânima. “O nosso interesse é bem amplo, pode ser edtech com vínculo de saúde, faculdades de medicina ou ampliação de unidades. Queremos também crescer a nossa área de lifelong learning, que ainda é pequena”, complementou Guilherme Soárez, presidente da área de educação continuada na Ânima Educação.
Daniel Castanho, presidente do conselho de administração da Ânima, pondera que a tecnologia vem pra ajudar na formação dos alunos e médicos para que eles tenham um olhar mais humanizado. O atendimento médico humanizado é visto como uma das principais tendências em saúde, contribuindo efetivamente para uma melhor reabilitação do paciente.
“Na saúde, o olhar agora é pra saúde, não para a doença. Na educação, um diploma só não vale, precisa ter um aprendizado contínuo, há os empreendedores. Nos dois setores, o que vale é o propósito, o olhar humanizado faz a diferença. Por isso, essa combinação de negócios é tão rica”, disse Castanho.
A transação entre Ânima e DNA ocorre sete meses após um outro negócio parecido. Em abril, o Softbank fez um aporte de R$ 820 milhões na Afya, maior grupo de medicina e que atua exclusivamente nesse mercado.