A rede hospitalar Mater Dei negocia a aquisição de outros hospitais, enquanto aguarda a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) da compra de 99,6% do Hospital Santa Genoveva (HSG) e de 100% do Centro de Tomografia Computadorizada Uberlândia (CDI), anunciada na noite de domingo. 

Henrique Salvador, presidente da Mater Dei, disse que as próximas aquisições serão feitas nas regiões onde a rede desenvolve seus hubs regionais. Atualmente, a rede possui hubs na região metropolitana de Belo Horizonte, em Salvador, Belém e agora, Uberlândia, na divisa de Minas Gerais com o Centro-Oeste. 

 

“Temos alguns ativos em avaliação. Alguns já estão com memorando de exclusividade assinados e em fase de diligência”, afirmou Salvador. As aquisições em análise, segundo Salvador, estão nas proximidades dos hubs existentes. A expectativa do executivo é concluir pelo menos uma operação na virada do ano ou no início de 2022. 

Salvador disse que as aquisições devem ser feitas, em princípio, com recursos próprios. “Ainda temos um residual de cerca de R$ 150 milhões do IPO [oferta inicial de ações, na sigla em inglês] e os R$ 700 milhões da emissão de debêntures feita há duas semanas atrás com BTG Pactual, Bradesco e Itaú ”, calculou o executivo. 

O presidente da Mater Dei acrescentou que a companhia possui saúde financeira para fazer uma nova emissão de dívida se julgar necessário para concluir o plano de aquisições. 

No terceiro trimestre, em função da captação de R$ 1,14 bilhão no IPO, o saldo de caixa e equivalentes atingiu R$ 1,4 bilhão, muito superior à dívida, de R$ 258,2 milhões. Em novembro, a Mater Dei usou R$ 800 milhões do IPO e 7,1% de suas ações para comprar o Grupo Porto Dias, de Belém, e R$ 24 milhões para adquirir o A3Data. Salvador calcula que, mesmo quando forem usados os recursos das debêntures, o endividamento líquido não vai superar 1,5 vez o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês). 

 

“Estamos cumprindo à risca o que desenhamos no plano do IPO, de fazer uma expansão nacional, por hubs regionais, comprando ativos que conversem entre si”, afirmou Salvador. 

A intenção da rede, segundo o executivo, é expandir na região Norte a partir de Belém e no Nordeste a partir de Salvador, com a inauguração no primeiro semestre de 2022 do Mater Dei Salvador, que terá 370 leitos e centro médico com consultórios. Desde que abriu capital em abril, a rede Mater Dei ampliou o número de leitos de 1.081 para 2.201. 

A aquisição do Hospital Santa Genoveva, de 204 leitos, abre possibilidade para a rede se expandir para o Centro-Oeste. A Mater Dei vai pagar R$ 309 milhões em dinheiro pelos ativos, incluindo a assunção de dívidas de R$ 57 milhões. Salvador estima que a aquisição terá impacto de R$ 200 milhões na receita da rede Mater Dei em 2022 e gerar um Ebitda de mais de R$ 50 milhões por ano. 

No terceiro trimestre, a Mater Dei teve alta de 19% no lucro líquido, para R$ 43,6 milhões. O Ebitda subiu 5%, para R$ 69 milhões, e a receita aumentou 23%, para R$ 240,4 milhões.