Para emagrecer, conte as mordidas e 'ouça' o prato
18/08/2014 - por Por Sumathi Reddy | The Wall Street Journal © 2000 – 2014. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou t

Na busca incessante por perda de peso, vários pesquisadores estão desenvolvendo ferramentas que contam o quanto e com que rapidez nós comemos.

O "Bite Monitor", (algo como Monitor de Mordida, em tradução livre), usado no pulso como um relógio, conta o número de mordidas que a pessoa dá. O pressuposto atual é que 100 mordidas por dia são o ideal para que os homens e mulheres percam peso, segundo pesquisadores da Universidade Clemson, do Estado americano da Carolina do Sul, que criaram o dispositivo. O conceito será testado em breve num estudo financiado Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, ou NIH, na sigla em inglês. Um produto comercial pode estar pronto em um ano e deve custar cerca de US$ 195.

A Mando Group, empresa de saúde de Estocolmo, na Suécia, desenvolveu um prato "falante" que mede a rapidez com que a pessoa come e avalia se ela está saciada. Deve estar no mercado este ano por aproximadamente US$ 250.

Já está à venda o garfo HAPIfork, que vibra e pisca uma luz vermelha se as mordidas forem espaçadas por menos de dez segundos. O garfo, lançado no ano passado pela Hapilabs, de Hong Kong, é vendido on-line e em algumas lojas de varejo por US$ 99.

"Se você está comendo muito rápido, provavelmente não está mastigando bem nem desfrutando da comida e provavelmente" vai acabar comendo demais, disse Michael Jensen, endocrinologista e especialista em obesidade da Clínica Mayo, em Rochester, no Estado americano de Minnesota.

Comer mais devagar, em pequenos bocados e mastigar mais são componentes importantes no controle e manutenção do peso, que devem ser incentivados, dizem especialistas. Eles também acreditam que comer mais devagar beneficia a digestão, reduz problemas como o refluxo ácido e permite maior absorção dos nutrientes.

"Há comprovações muito fortes que apontam para a importância da mastigação", diz Kathleen Melanson, diretora do Laboratório de Equilíbrio Energético da Universidade de Rhode Island, que pesquisa a saciedade e outras questões alimentares. "Os nervos presentes nos músculos da mandíbula se conectam com as áreas de saciedade no cérebro", diz ela.

Num estudo feito por pesquisadores chineses, publicado no "American Journal of Clinical Nutrition", em 2011, as pessoas que mastigavam a comida 40 vezes - um número excepcionalmente elevado - em vez de 15 vezes consumiam menos calorias e tinham níveis mais baixos do hormônio grelina, que estimula o apetite, e níveis mais altos de um hormônio que reduz o apetite.

Os especialistas dizem que não há um número mágico para quantas vezes se deve mastigar o alimento. As recomendações comuns variam de 10 a 20 mastigações por bocado para ajudar a perder peso e melhorar a digestão.

A pesquisa de Melanson também indica um dos motivos pelos quais os alimentos sólidos parecem nos deixar mais saciados. "A mastigação mais demorada, necessária para os alimentos sólidos, pode contribuir para o efeito de saciedade", diz.

O "prato falante" do Mando Group consiste em um prato, uma pequena balança e uma telinha computadorizada. Coloca-se o prato na balança e o computador controla quanto tempo se leva para comer. Se a pessoa está comendo muito rápido, uma voz dá um lembrete para comer mais devagar. O dispositivo também pergunta, a intervalos regulares, até que ponto você se sente satisfeito ou "cheio", para avaliar o grau de saciedade. As pesquisas da empresa constataram que o tempo médio para se ingerir o alimento do prato, entre 300 a 350 gramas, é de 12 a 15 minutos. Quem exceder isso em cerca de 20 gramas por minuto é solicitado a comer mais devagar.

"Descobrimos que a rapidez com que se come é muito, muito mais importante do que aquilo que você realmente põe no prato", diz Cecilia Bergh, diretora-presidente e uma das fundadoras do Mando Group.

Empresas apostam em dispositivos eletrônicos que avisam quando o usuário está comendo muito ou rápido demais

Uma subsidiária da empresa tem clínicas de perda de peso, incluindo uma em Nova York, que usam o sistema de monitoramento da alimentação em seus programas de tratamento. Uma nova versão do prato falante, que deve estar no mercado ainda este ano por cerca de US$ 250, terá uma conexão sem fio entre a balança e um aplicativo de smartphone.

Um estudo aleatório controlado por Bergh e outros descobriu que, entre 106 crianças obesas, as que usaram o sistema do prato falante perderam cerca de três vezes mais peso do que as outras que receberam apenas conselhos sobre alimentação e exercícios. O estudo, publicado no "British Medical Journal", em 2010, foi financiado pela BUPA Foundation, empresa internacional de assistência médica e seguro-saúde.

O "Bite Monitor" adota uma abordagem mais simples, contando apenas as mordidas. Para chegar a um suposto ideal de 100 por dia, os pesquisadores da Universidade de Clemson monitoraram o número de mordidas dadas por 77 pessoas durante duas semanas, segundo um estudo publicado em março no "Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics".

Os pesquisadores calcularam que o número médio de calorias por bocado foi de 17 para os homens e 11 para as mulheres. Se uma pessoa der 100 mordidas por dia, o resultado será uma ingestão calórica diária de cerca de 1.700 calorias para homens e 1.100 calorias para mulheres, metas que representam uma dieta pouco calórica, segundo os padrões da NIH. O consumo de calorias por mordida foi o mesmo, quer os participantes estivessem acima do peso ou não.

"É mais ou menos um pouco como um pedômetro para a boca", diz Eric Muth, professor de psicologia na Clemson que criou o dispositivo juntamente com Adam Hoover, professor de engenharia da computação. O monitor de mordidas, parecido com um relógio feio, mede movimentos sutis do pulso para detectar quantas vezes se leva o alimento à boca com uma precisão de 90%, segundo os pesquisadores.

Um estudo-piloto feito na Universidade de Clemson e apresentado na reunião anual da Sociedade de Obesidade do ano passado parece confirmar que contar quantas vezes a pessoa mastiga ajuda a perder peso, exercendo mais efeito do que o verificado em outras pessoas que não estão conscientes da sua mastigação. Embora a diferença na perda de peso entre os dois grupos não fosse tão grande, Muth diz que os resultados justificam novas pesquisas.

Segundo Muth, a equipe está agora elaborando um estudo com financiamento da NIH para testar a eficácia da dieta das 100 mastigações. Uma descoberta já foi feita: fazer as pessoas se limitarem a 100 mordidas por dia parece não funcionar se a contagem começa a partir do zero. Os pesquisadores pretendem pedir aos participantes do estudo que façam uma contagem regressiva a partir de 100.

"Cem mordidas é realmente um ponto de partida médio", afirma Muth. "Não vai dar certo para todos."

Jensen, da Clínica Mayo, questionou a utilidade de contar as mordidas. Morder uma pizza é muito diferente de morder uma salada, ressalta ele. Os bocados também podem ter tamanhos diferentes, e restringir as pessoas a 100 mordidas por dia poderia até incentivá-las a dar mordidas maiores, diz.

Muth diz que contar mordidas é uma técnica fácil de usar. "Nossa premissa com a dieta da contagem de mordidas é que estamos tentando levar você a empurrar o prato um pouquinho para longe", diz. "Pode-se fazer muita coisa com as mordidas. É muito simples e as pessoas compreendem."

Mesmo assim, está em elaboração uma versão mais sofisticada do monitor que também calcula a velocidade da alimentação, medindo os intervalos entre as mordidas. Muth diz que a equipe de pesquisa, trabalhando com Melanson, da Universidade de Rhode Island, espera lançar o novo dispositivo em cerca de um ano. Será comercializado pela Bite Technologies, empresa fundada por Muth e Hoover.

 

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