No primeiro semestre de 2021, a procura pelo exame de farmacogenética teve um aumento expressivo de 444%, com relação ao primeiro semestre de 2020. O teste, que tem o objetivo de auxiliar psiquiatras a receitarem o medicamento mais eficaz e com o menor efeito colateral no tratamento da depressão, psicose, ansiedade e epilepsia, registrou aumento significativo no início da pandemia da Covid-19, perfazendo um total de 192% a mais de procura em 2020, comparado ao ano anterior. O levantamento é do DB Molecular.
De acordo com Nelson Gaburo, gerente geral do laboratório e doutor em biologia molecular, controlar essas doenças é essencial para evitar a evolução destas, já que são fatores de riscos para o suicídio. O alerta vai ao encontro da campanha Setembro Amarelo, que tem o dia 10/9 marcado como o dia mundial de sua conscientização. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 700 mil pessoas tiraram suas próprias vidas só em 2019. Um estudo publicado pela Fiocruz aponta que sentimentos de tristeza e depressão, fatores de risco para o suicídio, afetam 40% da população brasileira adulta, já a sensação de ansiedade, foi relatada por 50% das pessoas, em 2020.
Para Gaburo, o teste de farmacogenética para transtornos mentais tem se popularizado entre os médicos e a sua procura foi potencializada durante a pandemia. “Apesar da variedade de terapias medicamentosas disponíveis, muitos pacientes apresentam baixa resposta na efetividade do fármaco ou efeitos adversos graves, que podem fazer com que ele pare o tratamento sem a recomendação médica. Com a terapia acertada, o quadro do paciente é estabilizado, evitando assim um agravamento e consequências graves, como, em alguns casos, o suicídio”.
Como o exame funciona?
Por meio de uma simples coleta de sangue, o teste identifica em cada indivíduo variações presentes no genoma que podem interferir na atuação dos remédios no organismo. Há dois grupos de genes responsáveis pela resposta do medicamento. Um deles é encarregado de codificar enzimas e canais de recepção que atuam diretamente na eficácia da medicação. “Muitos dos genes que codificam essas enzimas apresentam variações genéticas que podem apresentar diferentes níveis de resposta em pessoas diferentes utilizando o mesmo medicamento. Com o exame, é possível obter informações sobre a metabolização dos fármacos utilizados ou daqueles que possam ser prescritos no futuro”, explicou Gaburo.