Acompanhando uma tendência da área de saúde, a Bradesco Seguros voltou a diversificar seus negócios nesse mercado. O projeto mais recente é a criação de uma empresa de investimentos em hospitais, batizada de Atlântica . Já neste ano devem ser anunciados três projetos de hospitais com investimentos entre R$ 400 milhões e R$ 600 milhões.
“Podem ser aquisições ou construção de hospitais. A seguradora tem um braço imobiliário com vários imóveis e localizados em excelentes regiões que podem fazer parte desses projetos”, disse Manoel Peres, presidente da Bradesco Saúde, que participou da Live do Valor, na sexta-feira. Os primeiros hospitais ficarão em São Paulo.
Os recursos virão da seguradora e a ideia é atrair grupos hospitalares para fazer a gestão do novo negócio. Essa análise dos ativos, regiões de interesse, entre outros temas estratégicos estão a cargo de Carlos Marinelli, ex-presidente do Fleury, cujo maior acionista é a Bradesco Seguros há cerca de 15 anos.
No futuro, a rede de clínicas Novamed, que também pertence à seguradora, poderá ser integrada à Atlântica.
Questionado se a companhia está partindo para uma verticalização a fim de concorrer com operadoras como NotreDame Intermédica e Hapvida, Peres nega que essa seja a estratégia. “Nosso desejo é participar desse processo como investidores, como outros negócios que temos na área da saúde como Fleury, OdontoPrev, Orizon e Beep Saúde ”, disse o executivo. “É um conjunto de investimentos que abrange todos os elos da saúde suplementar”, complementou.
Ou seja, a Bradesco não está apostando no mesmo jogo de grupos como Rede D’Or, Dasa e o próprio Fleury que são prestadores de serviços e estão adquirindo ativos para integrar os negócios. A Bradesco atua como uma fonte pagadora e não pretende interferir na atuação de hospitais, clínicas e laboratórios.
Peres observou que a verticalização no caso da Bradesco Saúde é inviável porque a seguradora está presente em todas as cidades com mais de 50 mil habitantes e não haveria como montar uma estrutura própria em cada um desses municípios. “A gente acredita nas iniciativas de grupos de hospitais independentes como uma possibilidade de prestação de serviços de boa qualidade e custo acessível”, disse. A seguradora vem fechando parcerias com grupos hospitalares para oferecer planos de saúde com rede mais restrita e menor preço.
Em sua visão, mesmo num cenário de crise econômica e arrefecimento da pandemia, há demanda por seguro saúde, uma vez que somente 25% da população do país tem plano de saúde.
Além dos hospitais, a seguradora está investindo R$ 60 milhões na expansão da Novamed, que conta com cerca de 20 clínicas em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Paraná. A meta neste ano é abrir quatro novas unidades. Algumas delas estão sendo adaptadas para atender pacientes que venham sofrer das sequelas de covid-19, que em geral, demandam sessões de fisioterapia, psicológos, entre outros procedimentos. Peres, que também é médico de formação, estima que entre 10% e 20% dos pacientes acometidos pela doença sofram da chamada “covid longa”. O impacto na taxa de sinistralidade, que mede quanto o cliente usa o plano, deve ficar entre 1 a 2 pontos percentuais. Para efeitos de comparação, as internações de covid geram aumento de 10 pontos percentuais. Desde que pandemia foi deflagrada, a Bradesco Saúde já pagou cerca de R$ 5 bilhões em despesas médicas como internações e testes. No período, os segurados da companhia já realizaram 1,4 milhão de testes PCR para diagnóstico da covid.