Tecnologia e modelos colaborativos apoiam a nova gestão em Saúde
26/08/2021

A união entre grandes grupos de Saúde se tornou recorrente nos últimos tempos: foram 60 fusões e aquisições em 2020, com valores que superam US$ 1 bilhão (mais de R$ 5 bilhões), segundo levantamento realizado pela RGS Partners, boutique nacional de fusões e aquisições. E 2021 promete apresentar números ainda maiores, já que muitos negócios que começaram em 2020 estão sendo concluídos neste ano, como é o caso da fusão do Grupo NotreDame Intermédica com a Hapvida, que criou a maior rede própria de Saúde do Brasil para atender distintos mercados.

Tanto as fusões como o avanço das aquisições são parte estratégica do modelo de verticalização que acontece no setor da Saúde, com grandes redes hospitalares comprando hospitais menores e familiares, com dificuldades financeiras, como é o caso da Rede D`Or, que já possui mais de 40 hospitais próprios no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Pernambuco e Sergipe, além do Distrito Federal. Ou do Grupo Dasa, resultado da união entre a Rede Ímpar de hospitais e o laboratório Dasa, e que agora também está realizando aquisições importantes, como as unidades hospitalares do Grupo Leforte. E há ainda grupos de investimento, como o Grupo Pátria no Espírito Santo, que estão comprando não apenas hospitais e laboratórios, mas também planos de Saúde, entre outros tantos e importantes exemplos dos novos modelos de gestão em Saúde.

“Todo esse movimento de fusões e aquisições revela uma grande tendência do setor: a Saúde privada será cada vez mais verticalizada nas mãos de grandes grupos, que vão criar suas próprias redes de atendimento ou, então, serão grandes grupos hospitalares que prestarão serviços a grandes operadoras de Saúde”, garante Valmir Oliveira Júnior, diretor comercial de produtos da MV, que também vislumbra que grandes redes hospitalares passem a criar seus próprios planos de Saúde.
 

Mas como todos esses novos modelos podem se tornar mais colaborativos e centrados em modelos de prevenção e promoção à Saúde se, até hoje, todo o mercado cuida apenas da doença, gerando um alto custo a beneficiários e empresas? A resposta está na desospitalização, um movimento no qual as operadoras de Saúde passam a investir mais em medicina preventiva e atenção primária da Saúde para equilibrar o custo da assistência e promover mais segurança ao paciente. “Essa medida traz o conceito da Saúde pública para a iniciativa privada, com um médico de referência coordenando o cuidado à Saúde do paciente e indicando quais são as especialidades médicas que precisam ser consultadas e quando”, descreve Oliveira Júnior

Com isso, o beneficiário perde a liberdade de ligar diretamente para o cardiologista e agendar ele próprio uma consulta, mas o ganho é um acompanhamento médico muito mais próximo com um profissional de Saúde que o conhece bem e consegue identificar potenciais riscos à sua saúde. E, quando isso acontece, o coloca imediatamente em programas de cuidado dirigidos. “Nos chamados de programa de Saúde, no qual o cliente começa a ser monitorado para que não haja um agravamento do seu quadro clínico e ele precise ser internado em um hospital. Assim, a prevenção além de ser mais barata para o sistema como um todo, é mais eficaz e segura ao beneficiário”, reforça o especialista da MV. Só que para tudo isso funcionar é preciso investir em tecnologia.

Luís Márcio Ramos, CEO do Hospital Anchieta (DF), concorda com essa visão e reforça que “o potencial da informação, se bem aplicada, organizada e transformada em inteligência, pode qualificar muito os resultados para o desenvolvimento de modelos preditivos - inclusive criando alertas se algo vai mal.” E mesmo quando houver necessidade de internação, em atendimentos de urgência e dos pronto-socorros, “cada vez mais os clientes chegarão aos hospitais com o check-in já feito e talvez com uma triagem já realizada”, garante Ramos no episódio 4 do podcast Bastidores da Saúde, com o tema “Da reação à prevenção, o papel da gestão em Saúde eficiente”, que você ouve aqui.

O prontuário eletrônico do paciente, que agrupa todo o histórico clínico prévio do beneficiário, é outra ferramenta fundamental na nova gestão em Saúde com foco na prevenção. “O médico de referência passa a ser avisado via app sobre todas as hospitalizações e procedimentos que seu paciente fizer, e o acesso a esse histórico clínico faz com que o tratamento posterior fique cada vez mais assertivo”, conta Oliveira Júnior. Já o beneficiário pode carregar consigo, também por meio de um aplicativo, seu próprio prontuário, o que colabora para o empoderamento do cidadão com seus dados de saúde.

O prontuário, portanto, passa a reunir todas as informações clínicas importantes, como resultados de exames, medicações administradas, sinais vitais, procedimentos e cirurgias realizadas, além de todas as avaliações e consultas feitas. “Se o beneficiário estiver em um programa de Saúde, o médico mandará para ele o programa de cuidados também pelo app, que o ajudará a se lembrar desde os horários dos remédios até a rotina de exercício”, explica Oliveira Júnior.

E caso o paciente não realize as atividades propostas em seu programa? “Daí, a central de monitoramento, que está acompanhando a evolução desse cliente, identifica as faltas e entra em contato com o médico de referência para alertá-lo”, completa o especialista da MV. O uso de Internet das Coisas (IoT) e de dispositivos conectados, tais como smartwatches e balanças inteligentes, são outra maneira de ajudar nessa vigília.

Para que tudo funcione bem, a interoperabilidade dos sistemas de Saúde é essencial. “Independentemente do hospital ou do plano de Saúde consultado, os dados do cliente precisam ser conectados e acessados em qualquer plataforma. Esse, aliás, é o conceito do Registro Eletrônico de Saúde (RES), no qual os dados são todos enviados a um repositório que fica na nuvem e é compartilhado para cada cliente via aplicativo, com as devidas autorizações da LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais]”, diz Oliveira Júnior.

O ganho em segurança e eficiência da adoção de um modelo de prevenção à Saúde é enorme, mas o modelo de remuneração atual, fee for service, não vai se sustentar com esse novo formato. “Em seu lugar, será adotado o pagamento por performance, que remunera melhor aquele que atinge um melhor desfecho clínico dentro das especificações propostas”, justifica o gerente da MV.

Evitar que uma pessoa precise ser hospitalizada e, quando o for, fazer com que esse período seja o menor possível, certamente estão entre as novas boas práticas que operadoras de Saúde buscam para que o atendimento seja cada vez mais preditivo e menos reativo. 





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