Uma rede global de pesquisadores, que terá a participação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e do Hospital das Clínicas sob a coordenação do Esper Georges Kallás, Titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da FMUSP, receberá investimentos de US$ 26,5 milhões para buscar a cura definitiva do HIV. Nesta nova abordagem, os pesquisadores irão buscar o bloqueio completo do vírus do HIV nas células e sua posterior eliminação, visando a cura.
Hoje, por meio de medicamentos, o HIV pode ser controlado, mas não eliminado. Também não há garantias de que, se houver a interrupção do tratamento, a infecção pelo vírus não volte a crescer, atingindo os níveis de multiplicação de vírus que ocorria antes do tratamento. Por isso, esta nova abordagem significaria um avanço importante, pois não precisar se tratar com remédios do coquetel e traria ganhos na qualidade de vida dos pacientes. Além disso, auxiliaria a enfrentar estigmas associados à infecção pelo HIV.
O grupo multidisciplinar, conhecido em inglês como HIV Obstruction by Programmed Epigenetics (HOPE) Collaboratory, é liderado pelo Gladstone Institute, Scripps Research Florida e Weil Cornell Medicine, com os trabalhos no Brasil sendo realizados pela Faculdade de Medicina da USP e Hospital das Clínicas.
Pela nova abordagem da pesquisa, os cientistas buscarão maneiras de “bloquear e trancar” o HIV dentro das células, deixando-o inativo, o que deverá ser feito por meio de medicamentos com ação no material genético e usando o conhecimento de estudos feitos com outros vírus.
Além disso, por meio de engenharia genética, a pesquisa pretende encontrar os caminhos para modificar o vírus dentro da célula a ponto de destruí-lo, eliminando-o do paciente, o que poderá significar a cura definitiva.
“As últimas décadas representaram avanços muito importantes no tratamento e controle do HIV e AIDS. Mas o paciente segue precisando se tratar continuamente e o risco de agravamento em caso de interrupção permanece. Esta nova abordagem significará um passo fundamental. Poderá ser, finalmente, a cura do HIV”, afirma Esper Kallás. Após cumpridas as fases experimentais iniciais pela rede de pesquisas, ensaios clínicos relativos a esse esforço global deverão ser conduzidos no Hospital das Clínicas da FMUSP.