Especialistas alertam para novos picos de covid
23/08/2021

Resiliência no número de casos de covid-19 e picos intermitentes, com uma nova onda de infecções no início do segundo trimestre de 2022. Esse é um dos cenários projetados pelos pesquisadores do grupo Ação Covid-19 para o Brasil caso as medidas de contenção do vírus não sejam mantidas ou retomadas a fim de quebrar as altas taxas de transmissão atuais. Os pesquisadores ressaltam que esse quadro é possível mesmo com o avanço da vacinação. 

À medida que a vacinação progride, especialistas e agências sanitárias de todo o mundo esperam, para os países onde o vírus segue descontrolado, como o Brasil, queda contínua no número de óbitos e internações, mas manutenção de novos casos em patamares elevados. A intensidade desse fenômeno, porém, é desconhecida. 
 

Em busca desse prognóstico, os pesquisadores desenvolveram um modelo capaz de estimar a curva de casos por dois anos após o início da vacinação no cenário em que somente 27% da população pratique o isolamento social. Essa é a taxa de isolamento natural pré-pandemia, indicada pelo sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo. O modelo conta ainda com dez variáveis, sendo as mais importantes a duração da proteção conferida pelas vacinas, ainda em estudo, e os indicadores sociais de cada região. O ação covid-19 reúne 25 pesquisadores com inserção internacional, entre médicos, biólogos, economistas, físicos e estatísticos. 

Patrícia Magalhães, coordenadora do estudo, a física do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), afirma que os próximos picos de infecção não seriam tão intensos quanto o verificado entre março e abril desse ano, mas poderiam elevar a perda de vidas total a mais de 0,25% das populações de algumas cidades. “O tempo entre os surtos depende da duração da imunidade dada pelas vacinas e sua capacidade de cobrir eventuais novas variantes”, diz. 

Ela afirma que, mantido o grau de circulação atual do vírus, o modelo aponta um novo pico de casos em abril de 2022, se a proteção vacinal for de 12 meses, ou setembro, se a proteção for de 18 meses. Essas elevações na incidência de casos, embora menos marcadas por óbitos, devem ser capazes de perturbar o sistema de saúde e exigir novas restrições à circulação por parte de governantes. O modelo foi capaz de prever a onda de infecções que aconteceu entre março e abril deste ano no Brasil. 

 

Eles simularam dois cenários para cinco cidades com perfis demográficos e sociais distintos - São Paulo, Belo Horizonte, Olinda, Fortaleza e São Caetano do Sul - entre 2021 e 2022. No primeiro cenário, a imunidade das pessoas vacinadas dura 12 meses e, no segundo, 18 meses. No pior cenário, de imunidade vacinal de um ano e território correspondente a uma cidade como Olinda, com alta densidade demográfica e baixo índice de proteção à covid-19 (IPC) - escala criada a partir de indicadores sociais -, o vírus infectaria 71,51% da população e as mortes alcançariam 0,29% das pessoas até o fim de 2022. “É um percentual altíssimo de infectados, mas plausível se nada mudar até lá”, diz Patrícia. Os números para o perfil de Olinda são duas vezes maiores que o do melhor cenário: imunidade de 18 meses e territórios com a realidade de São Paulo e Belo Horizonte. 

No caso da cidade de São Paulo as simulações indicaram uma porcentagem final da população infectada pelo vírus de 36,24% caso a proteção vacinal seja de 18 meses e 41,7%, caso a imunidade seja de 12 meses. A porcentagem de óbitos acumulada varia entre 0,14% e 0,20%. Nesse caso, dizem os pesquisadores, é possível notar uma queda persistente na curva epidêmica no segundo ano, com “pouca chance de novos surtos”. 

Patrícia detalha que o modelo “MD corona 6.0” é do tipo multiagente, ou seja, parte de parâmetros pré-definidos baseados no histórico da pandemia no Brasil que influenciam, mas não definem o comportamento dos indivíduos ao longo do tempo. Uma plataforma simplificada pode ser acessada no site do grupo de pesquisa. 

 
 

Fonte: Valor




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