Na última semana, a Anvisa aprovou a autorização temporária de uso emergencial, em caráter experimental, do medicamento Regkirona (regdanvimabe). Esse é o quarto fármaco autorizado no Brasil para tratamento da Covid-19, sendo o terceiro em uso emergencial.
Em entrevista à CNN, a cardiologista Ludhmila Hajjar, professora da USP e chefe da UTI Covid do Hospital das Clínicas, falou sobre a importância desses medicamentos, mas ressaltou que a maioria não está liberada para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo ela, o principal antiviral aprovado até agora é o Remdesivir. Uma medicação injetável, feita no ambiente hospitalar, principalmente nos primeiros 14 dias da doença.
"Ele é aprovado pela Anvisa, mas infelizmente não está liberado para todos os pacientes. Então, o paciente do SUS não tem a liberação do Remdesivir, uma medicação que, comprovadamente, não reduz a chance de morrer, mas encurta o tempo de doença. Com isso, pode reduzir a pressão no sistema de saúde.”
Os anticorpos monoclonais também estão em estudo, sendo que dois coquetéis já foram aprovados pela Anvisa. De acordo com Hajjar, eles são utilizados em pacientes com mais risco, reduzindo a chance da doença se agravar, por isso, ela considera que estes anticorpos "significam uma esperança" para a Covid-19.
"Eles pegam o indivíduo de alto risco para complicar, que nós acabamos de fazer o diagnóstico, desde que ele tenha mais de 12 anos de idade, mas tenha algum fator de risco --- ou problema cardíaco, imunológico, respiratório ou neurológico --, ele vai para o hospital, recebe um única dose injetável destes anticorpos, que nós temos dois coquetéis já aprovados, e esse paciente tem uma chance muito pequena de evoluir para a necessidade de hospitalização ou de gravidade."
Segundo ela, a Food and Drug Administration, nos Estados Unidos também já liberaram o uso dos anticorpos monoclinais no Brasil, "mas eles ainda não estão disponíveis no sistema de saúde brasileiro, nem na rede privada e nem na rede pública". Ainda que, segundo a cardiologista, ele seja uma alternativa para reduzir gravidade e hospitalização.
Ludhmila Hajjar explica que, se uma maneira geral, o brasileiro tem acesso à assistência hospitalar, suporte de terapia intensiva, de ventilação, de fisioterapia, de médico, de enfermagem, também acesso ao corticoide, ao anticoagulante e ao antibiótico no caso de infecção bacteriana. Já as demais medicações, apesar de aprovadas, ainda não fazem parte do tratamento nos hospitais, principalmente os públicos.
"Estas demais medicações, Remdesivir, anticorpo monoclonal, Tocilizumabe e agora, mais recentemente, o Tofacitinibe e o Baricitinib, que também foram aprovados como medicações da imunologia, e que modifica o sistema imunológico, o brasileiro ainda não tem o acesso universal e isso ainda está em avaliação", explica.