A pandemia provocou impactos distintos entre os grupos de saúde. No ano passado, as operadoras e seguradoras viram seus lucros saltarem a níveis recordes devido ao cancelamento de procedimentos eletivos — levando, inclusive, o setor a registrar pela primeira vez em sua história uma deflação médica. Já os hospitais, clínicas e laboratórios de medicina diagnóstica amargaram prejuízo ou tiveram lucro pífio, uma vez que a conta dos pacientes acometidos pela covid-19 é menor quando comparada aos custos de cirurgias e exames de alta complexidade. Em 2021, o jogo virou. Os pacientes, que estavam praticamente há um ano sem pisar num consultório, voltaram a realizar procedimentos médicos e, em março, veio a segunda onda da covid-19, numa intensidade muito maior do que a primeira.
O resultado desse movimento fica claro nos balanços do segundo trimestre das companhias abertas que atuam no setor. Os hospitais e laboratórios reverteram os resultados negativos apurados no mesmo período do ano passado. Já as operadoras e seguradoras, que pagam essas contas médicas, tiveram prejuízo ou viram o lucro cair até 92%.
“Tivemos o melhor trimestre no ano passado e agora tivemos o pior na história da companhia”, disse Irlau Machado, presidente da NotreDame Intermédica. A operadora apurou um prejuízo de R$ 48 milhões, no segundo trimestre, ante um lucro de R$ 223,4 milhões um ano antes. Os custos da covid-19 somaram, entre abril e junho, R$ 358 milhões, quase R$ 100 milhões a mais em relação ao primeiro trimestre.