HCor, hospital multiespecialista em São Paulo, e o Grupo Santa Joana, por meio de seu Hospital e Maternidade Pro Matre, referência em neonatologia, gestações múltiplas e de alto risco, iniciaram um projeto para capacitar médicos e equipes multidisciplinares de unidades públicas de saúde a realizarem cirurgias intrauterinas. A iniciativa filantrópica busca fomentar a Medicina Fetal no Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando o acesso de gestantes a esses procedimentos e o número de profissionais habilitados a executá-los.
"Estamos eufóricos com esse projeto que idealizamos em parceria com o HCor. E graças ao Dr. Fabio Peralta, cirurgião fetal que trabalha em ambas instituições, foi possível transformar nosso sonho em realidade", destaca Dr. Antonio Amaro, Diretor do Grupo Santa Joana, que contempla os Hospitais e Maternidades Santa Joana, Pro Matre e Santa Maria.
De acordo com Amaro, "o projeto é uma forma que encontramos para apoiar a expansão da medicina fetal pelo País, possibilitando assim o diagnóstico e o tratamento de diversas doenças do feto e contribuindo para a garantia do bem-estar e da saúde do binômio materno fetal".
Segundo Fernando Torelly, superintendente corporativo - CEO do HCor, a expectativa é atingir uma redução drástica dos graves efeitos da malformação fetal, com melhora da qualidade de vida futura dos bebês e diminuição da dependência de ações assistenciais paliativas.
"Nosso propósito é cuidar das pessoas e fortalecer a saúde. Dessa forma, compreendemos que, no segmento da Medicina Fetal, isso poderia se dar a partir da multiplicação do número de profissionais capacitados a aplicar os mais avançados procedimentos nesta área", comenta.
O primeiro parceiro beneficiado na rede pública foi o Hospital Geral de Vila Nova Cachoeirinha, localizado na Zona Norte da capital paulista. Ao longo das últimas semanas, as equipes receberam treinamentos e supervisão, além de participarem de reuniões preparatórias.
Com o término da capacitação da turma, no dia 24 de junho, os cirurgiões do HCor e da Pro Matre acompanharam o primeiro procedimento intraútero realizado nas dependências de um hospital da rede pública municipal. Agora, conforme previsto no escopo do projeto, serão assistidas mais 17 cirurgias - uma por mês - no local.
Em seus próximos passos, o Programa Filantrópico de Formação de Profissionais da Medicina e Multidisciplinares do SUS prevê:
• ampliar o número de instituições beneficiadas em âmbito nacional;
• auxiliar na criação de um Projeto de Lei incentivando o fortalecimento da Medicina Fetal e das práticas corretivas intrauterinas, bem como com uma emenda parlamentar beneficiando os hospitais públicos que necessitem de aquisições para possibilitar a adoção dos procedimentos adequados de Medicina e
• apoiar o Ministério da Saúde na incorporação de cirurgias intrauterinas para correção da mielomeningocele no SUS.
Sobre as cirurgias intrauterinas
Casos de bebês portadores de malformações podem ocasionar sequelas graves de desenvolvimento e até aumentar a mortalidade infantil. Estima-se que cerca de 2 a 3% dos recém-nascidos são portadores de uma ou mais malformações congênitas, sendo estas responsáveis por 20% da mortalidade neonatal e 30 a 50% da mortalidade perinatal em países desenvolvidos.
Dentre as condições que mais frequentemente requerem cirurgias intrauterinas está a mielomeningocele fetal (espinha bífida aberta). A má formação do tubo neural na gestação acomete um em cada mil nascidos vivos no Brasil, podendo acarretar paralisia dos membros inferiores, restrições no desenvolvimento intelectual e severas disfunções intestinais, gênito-urinárias e ortopédicas.
A solução para esses quadros passa por acompanhamento pré-natal e correção intrauterina. Com o diagnóstico correto, o médico pode sugerir intervenções ainda durante a gestação, que melhoram as chances de sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes acometidos.
"As cirurgias intrauterinas são de alta complexidade e demandam expertise de toda a equipe de saúde envolvida, por isso, queremos colocar nosso time em campo para proporcionar a essas famílias mais qualidade de vida e melhores prognósticos às crianças brasileiras", ressalta Fábio Peralta, chefe da medicina fetal da Pro Matre e cirurgião fetal do HCor.