A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) detectou melhora na tendência de ocupação de leitos de UTI por covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) no país. A melhora apurada pelos pesquisadores da fundação foi veiculada na mais recente edição do Boletim Observatório Covid-19 Fiocruz, informativo sobre a evolução da doença no Brasil, e que compreende período de 20 a 26 de junho.
A fundação também apurou trajetória descendente em óbitos pela doença, com menor taxa de letalidade por covid-19, atualmente em 2,4% (proporção de casos que resultaram em óbitos). Em março desse ano, essa taxa era de 4,2%. No entanto, mesmo com as boas notícias, os pesquisadores da instituição ressaltam: elas não representam controle da pandemia no Brasil, que ainda conta com alto patamar de transmissão da doença.
De acordo com apuração da Fiocruz, ao detalhar melhora de tendência de ocupação de leitos em UTI no período do boletim, a fundação informou ter detectado apenas três Estados com taxas de ocupação de leitos iguais ou superiores a 90%. São eles: Tocantins, Paraná e Santa Catarina.
Em contrapartida, outros 15 Estados estão na zona de alerta intermediário, com índices de ocupação de leitos de UTI por covid-19 variando entre 60% e 80%. Nesse grupo estão: Amazonas, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, entre outros.
Além disso, fora da zona de alerta, estão Rondônia, Acre, Amapá e Paraíba, com ocupação de leitos de UTI pela doença inferior a 60%, informou a Fiocruz.
Na prática, o estudo evidencia que, aparentemente, a situação de ocupação de leitos de UTI pela doença no país, que atingiu o nível máximo de sobrecarga e colapso em meados de março de 2021, parece ir se consolidando em patamares melhores, ainda que em cenário de predominância de algum alerta, requerendo cuidados para evitar nova piora, notaram os estudiosos.
A Fiocruz informou ainda, no boletim, que é possível perceber que, a partir do mês de abril, a curva de óbitos iniciou trajetória descendente. O número de óbitos diários foi reduzido a partir de abril, detalhou a instituição, quando passou de cerca 3.000 (pico) para 2.000 mortes. No entanto, esse número diário de mortos ainda é considerado muito alto, alertaram os pesquisadores, o que não permite afirmar que haja qualquer controle da pandemia no Brasil, informou a fundação.
De acordo com dados da fundação, no período compreendido pelo boletim, houve registro de 72 mil casos novos por dia, em média. Paralelamente, foram verificados cerca de 1.700 óbitos diários, no mesmo período. No entendimento dos pesquisadores, as oscilações observadas nesses indicadores confirmam a permanência de alto platô de transmissão, “muito superior ao vivido em meados de 2020”, alertam os técnicos.
Em percentuais, a fundação apurou que, no período do boletim, o número de casos por covid-19 teve queda de 0,2% ao dia — o que foi classificado como "oscilação ligeira" pelos estudiosos —, enquanto o de óbitos teve queda de 2,5% ao dia.
Os dados permitiram aos pesquisadores afirmarem que houve diminuição da mortalidade por covid-19, no período do boletim. Isso é explicado pelo avanço da vacinação no país, observaram os pesquisadores, visto que a cobertura vacinal dentro dos grupos de risco, ou dos grupos prioritários — mais suscetíveis à letalidade pela doença — é mais ampla hoje, em relação ao restante da população.
Os pesquisadores voltaram a defender conjunto de medidas para prevenir contágio pela doença, a serem implementadas por Estados e municípios, além da continuidade de vacinação. Entre as ações sugeridas, estão a adoção de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais que, de acordo com a situação epidemiológica e capacidade de atendimento do sistema de saúde de cada região, devem ser avaliadas semanalmente a partir de critérios técnicos, tais como: taxas de ocupação de leitos (85% ou mais); e tendência de elevação no número de casos e óbitos.