Dos anos 2000 para cá, o cenário da medicina em âmbito mundial mudou e muito. Se no início do milênio o número de médicos formados nas faculdades do Brasil não passava de mil por ano, hoje essa marca atinge o número de 31 mil profissionais formados a cada ano.
O Brasil passou de 100 para 530 mil médicos formados e a perspectiva é que as faculdades de medicina atinjam o número de 36 mil profissionais diplomados por ano, um crescimento superior ao da população brasileira.
Nesse período, a relação de médico por mil habitantes também aumentou significativamente, na média nacional. Passou de 1,41 para 2,4. É o que mostrou o estudo Demografia Médica no Brasil 2020, resultado de uma colaboração entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Universidade de São Paulo (USP).
Assim como em qualquer profissão, os médicos dependem de boas condições de trabalho, precisando de treinamento e ferramentas, afinal, eles, como qualquer ser humano, não são super-homens e precisam de infraestrutura para que possam prover os melhores diagnósticos e a tratamentos das pessoas. O país enfrenta uma das piores crises de saúde da história. A pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, veio para mostrar a necessidade de atenção para os profissionais de saúde.
Observa-se também que o aumento de novos profissionais na área médica deve-se ao grande salto no número de faculdades de medicina espalhadas pelo Brasil, que teve por objetivo prover o número de profissionais adequado e melhorar a sua distribuição pelo país.
Porém, o que se constata hoje, é que a distribuição dos profissionais de saúde acompanha a distribuição da população, ou seja, as áreas mais populosas, como as capitais, são onde se concentram o maior número de médicos, causando uma escassez nas áreas mais necessitadas.
Com 5 a 10 anos de experiência na profissão, consideramos os profissionais como “médicos jovens” e de 0 a 5 anos de carreira, os classificamos por “médicos super jovens”. Se o Brasil tem uma média de 30 mil médicos formados por ano, em 5 anos, teremos 150 mil médicos “super jovens”. Aí entra a importância das healthtechs, que são empresas de saúde que utilizam a tecnologia em prol de oferecer soluções disruptivas, tanto para o mercado, quanto para o paciente final.
Há 40 anos atrás, quando ingressei na área, nosso plano de carreira era fazer plantões em hospitais, para assim ir criando relacionamento e uma carteira de clientes, e, posteriormente abrir um consultório.
Hoje, a tecnologia é uma aliada dos “médicos jovens” e “super jovens”. Plataformas como o iubem, um aplicativo que cria pontes entre pacientes e serviços médicos, promove a liberdade e independência para que o profissional consiga captar seus pacientes utilizando ferramentas que conectam interessados aos seus serviços e onde ele mesmo pode estabelecer o valor de sua consulta, permitindo uma nova realidade, o que os planos de saúde não promovem, já que eles se tornam reféns dos valores impostos pelas corretoras.
As healthtechs surgem para suprir uma nova demanda, de profissionais que optam pela tecnologia para se tornarem conhecidos e montar suas próprias carteiras de paciente, além de democratizar o serviço de saúde e o acesso da população que não tem plano de saúde, ou não encontram especialidades no tempo em que necessitam, dando uma liberdade potencial a esses novos especialistas, o que há 40 anos atrás não tínhamos, criando uma nova realidade no setor.
Diante da pandemia e da tecnologia aliada à saúde, as healthtechs vieram para ficar, sejam para “médicos jovens”, “super jovens”, e até mesmo para os mais experientes.
Segundo dados do HealthTech Report 2020, realizado pela consultoria Distrito, metade das healthtechs brasileiras têm menos de cinco anos. De 2018 a 2020, o número de startups no setor de saúde no Brasil cresceu 118%, passando de 248 para 542 empresas.
Quem não pegar carona nas healthtechs, ficará para trás.
*Lincoln Lopes Ferreira é médico e coordenador do Conselho Técnico do iubem.