Questões relacionadas à saúde mental e emocional ganharam uma lente de aumento nos últimos tempos, muito por causa do cenário caótico nascido da maior crise sanitária da história do Brasil. O assunto e a preocupação com o tema não são novos. No entanto, ações mais contundentes para minar esses efeitos negativos na saúde física e mental das pessoas têm sido mais amplamente discutidas e abraçadas pelas empresas. Seguindo este importante movimento, a Docway ampliou sua solução do Pronto Atendimento Digital, incluindo o serviço de telepsicoterapia, a fim de reforçar ainda mais o cuidado, o bem-estar e a segurança dos beneficiários, começando por sua própria equipe. A startup brasileira referência em soluções de saúde digital para empresas e operadoras de saúde, de imediato, transferiu esse novo cuidado aos seus colaboradores – cada um ganhou o direito a 15 sessões anuais gratuitas com profissionais da área de psicologia.
Com essa expansão, a Docway busca oferecer apoio e cuidado especializado em saúde mental, tão relevantes neste momento de pandemia, com um número cada vez maior de profissionais aptos a oferecer serviços de psicoterapia por videochamada, de forma imediata ou agendada. "O estigma da doença mental hoje já é muito menor, mas ainda temos tabus para superar. Como isso hoje acontece com mais frequência, é preciso desmistificar e encarar de frente esse problema, que é uma realidade", analisa Fábio Tiepolo, CEO e fundador da Docway.
Realidade esta que também se estende para dentro das empresas. Desde o início da pandemia de Covid-19, a pressão sobre a força de trabalho aumentou. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), publicado em maio na revista científica Environmental International, estima que nos países em confinamento o número de horas diárias de trabalho cresceu cerca de 10%, impulsionado pela desaceleração econômica e o teletrabalho.
Inicialmente adotado pelas empresas como uma estratégia para proteger seus trabalhadores do coronavírus, o trabalho remoto acabou contribuindo para esconder importantes sintomas emocionais. Com os limites entre a vida pessoal e profissional diluídos por demandas além do horário e longas reuniões virtuais, vemos que há uma demanda reprimida por esse tipo de benefício. "Vejo a pandemia como um grande trauma social que afeta tudo e todos. Pessoas que já tinham traumas, medos ou questões com as quais não conseguiam lidar ou resolver bem, mas que seguiam com uma vida mais ou menos estabilizada, agora foram traumatizadas novamente", explica Silvia Guertzenstein, psicóloga, especialista em traumas e consteladora familiar, que atende pela Docway.
Além das teleconsultas com psicólogos, a Docway também estipulou as sextas-feiras sem reuniões e deu a todos os colaboradores o short friday – toda última sexta-feira do mês, eles podem se desconectar uma hora mais cedo. Anterior a esse novo pacote de medidas, a empresa já adota uma cultura de mais autonomia, oferecendo horários flexíveis de trabalho. As ações fazem parte de um projeto estruturado de saúde emocional, que deve perdurar para além do período da pandemia. “A gente vive o que prega. Cuidamos de milhões de pessoas, a começar pelo nosso público interno. Estimulamos a conversa sobre o assunto, porque precisamos combater os tabus, receios e desinformação que envolvem o tema”, conta Tiepolo.
Estratégias
Menos evidentes, porém não menos debilitadoras, as questões relacionadas à saúde mental dos colaboradores vêm, finalmente, chamando a atenção das grandes empresas, que sentem os impactos nos custos e na produtividade. Muitas já possuem, inclusive, departamentos exclusivos para lidar com o tema ou consultorias especializadas no assunto, responsáveis por criar planos de ação. "As empresas fazem reuniões semanais online para analisar os resultados e a produtividade. Podem passar a promover também reuniões semanais para saber como cada colaborador está se sentindo. Hoje em dia, é preciso pensar em uma produtividade humanizada. Não adianta o colaborador produzir sem parar e acabar sofrendo burnout. É possível produzir de forma saudável para continuar produzindo bem ao longo de muito tempo", explica a psicóloga.
Para o CEO da Docway, um primeiro passo para o enfrentamento das questões relativas à saúde mental nas empresas é pensar em ações educativas que gerem um aculturamento em relação ao diálogo aberto sobre saúde mental. "Uma empresa que possui uma cultura de pró-ajuda, transparência e o hábito de conversar sobre isso de uma forma muito aberta e, mais do que isso, com exemplos, faz com que os colaboradores percebam que o bem-estar dele é uma preocupação genuína", explica Tiepolo.
Outra etapa importante desse processo é capacitar as lideranças das empresas para identificar possíveis sintomas e mudanças de comportamento que possam indicar problemas de ordem psicológica em seus colaboradores. "Líderes mais humanizados, capazes de enxergar o aspecto emocional das pessoas e como elas estão lidando com o momento delicado que vivemos, potencializam esse processo. A preocupação e o cuidado da liderança se multiplicam e um passa a cuidar do outro. Assim, cria-se um ambiente de trabalho muito mais humano, onde tudo flui, incluindo a produtividade e a empresa como um sistema orgânico", explica Silvia.
De tabu a assunto estratégico, a saúde mental dentro das empresas encontrou na telemedicina um suporte prático e que garante discrição aos colaboradores que, muitas vezes, temem perder seus postos de trabalho ao expor problemas dessa natureza. "Acredito que vamos caminhar para um futuro em que empresas como a própria Docway consigam apoiar outras empresas a cuidar da saúde mental de seus colaboradores sem que elas precisem tirar pessoas do seu foco de negócio. A complementaridade deve falar mais alto. Quando a empresa direciona esse problema para uma startup, que está sempre aprendendo, dividindo boas práticas e gerando insights para melhor cuidado com muita agilidade, o resultado fica nítido", conclui Tiepolo.