Para evitar o estigma contra países, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que as variantes do coronavírus devem receber o nome de letras do alfabeto grego, em vez do local onde a cepa foi descoberta primeiro.
Os rótulos não têm o intuito de substituir nomes científicos (como as denominações B.1.1.7, P.1, entre outras), já que transmitem informações valiosas para pesquisas. A decisão de adotar o novo sistema de nomenclatura veio após meses de deliberações com especialistas da OMS, com o objetivo de diminuir a discriminação entre países.
“Embora tenham suas vantagens, esses nomes científicos podem ser difíceis de dizer e lembrar e estão sujeitos a relatórios incorretos. Como resultado, as pessoas muitas vezes recorrem a variantes pelos locais onde são detectadas, o que é estigmatizante e discriminatório", afirma a OMS, que quer incentivar autoridades, meios de comunicação e outros a adotarem os novos rótulos.
No início deste mês, a Índia ordenou que redes sociais removessem qualquer conteúdo que mencionasse a cepa B.1.167.2 como "variante indiana", alegando que continuar com tal nomenclatura poderia "gerar erros de comunicação e ferir a imagem do país".
Outro fator relevante para a decisão da OMS é a discriminação contra asiáticos, que vem crescendo desde o primeiro surto da covid-19 em Wuhan, na China. O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuamente se referia ao SARS-CoV-2 como "vírus chinês" — ação que, de acordo com estudo, causou levante anti-asiático nas redes sociais.
“Nenhum país deve ser estigmatizado por detectar e relatar variantes”, disse Maria Van Kerkhove, epidemiologista da OMS.
Existem quatro cepas designadas como variantes de preocupação, porque apresentam evidências de serem mais transmissíveis ou resistentes à resposta imunológica. Agora, as VOCs irão receber as seguintes nomenclaturas, levando em consideração sua ordem de detecção:
As VOIs são aquelas cepas que não podem ser consideradas VOCs, mas foram registradas e estão sob observação.
Vale ressaltar que todo vírus sofre mutações em seu material genético, mas nem todas necessariamente causarão alguma alteração no vírus, de acordo com a Rede Análise Covid-19 e o Instituto Serrapilheira.
Pesquisadores internacionais, por exemplo, já reuniram mais de 1,2 milhão de genomas da covid-19 através da plataforma GISAID.
As VOIs também recebem uma nova nomenclatura: