O idealizador do negócio foi o arquiteto de sistemas e empreendedor Jac Fressatto, que perdeu a filha recém-nascida em 2010 para uma infecção generalizada. Inconformado com a perda, passou a pesquisar o funcionamento da área da saúde para tentar entender como evitar casos assim. "Percebi que nos casos graves o principal problema não era o erro médico, mas a demora para tomada de decisão. Então, decidi usar tecnologia para ajudar os médicos a ter mais informação na ponta", diz o fundador da Laura.
Para ajudá-lo na empreitada, Fressatto convidou o médico infectologista Hugo Morales e o desenvolvedor de software Cristian Rocha, especializado em inteligência artificial para saúde, para serem seus sócios. Hoje a empresa tem 75 funcionários e mais de 40 instituições clínicas clientes.
A partir de 2020, a Laura expandiu sua atuação para fora dos hospitais — em um primeiro passo para se transformar em uma plataforma completa de saúde. Com o novo serviço, batizado de Laura Care, a startup consegue oferecer atendimento primário remoto para operadoras de planos de saúde, hospitais e secretarias de saúde. Como um “pronto-atendimento online”, a Laura ajuda as empresas clientes a fazer uma primeira triagem dos pacientes por teleconsulta.
“Para os nossos clientes, o atendimento remoto ajuda a diminuir os custos com a saúde. Cerca de 50% dos pacientes atendidos pela nossa tecnologia tinham casos leves que conseguiram ser solucionados só com o chatbot”, diz Hugo Morales, diretor médico da Laura. Desde o lançamento, mais de 400.000 pessoas já usaram o serviço.
Com a junção dos dois serviços e impulsionada pelo aporte milionário, a Laura quer se posicionar como uma plataforma de gestão de jornada dos pacientes para grandes redes de saúde. O diferencial, segundo os sócios, é o fato de a tecnologia da empresa conseguir reunir dados que vão desde a triagem remota, até o atendimento no pronto-socorro e internação. “Essa visão completa do paciente pode ajudar as equipes médicas a tomar as melhores decisões”, diz Cristian Rocha.
Com uma operação que cresceu 250% em 2020 e já para de pé, a Laura vai usar o investimento de R$ 10 milhões para expandir sua atuação no mercado nacional e internacional. A meta dos sócios é que a empresa cresça pelo menos 200% em 2021, chegando a 80 instituições de saúde clientes no Brasil. Fora do país, o objetivo é expandir para a América Latina: os primeiros mercados internacionais devem ser Peru e Colômbia.
“As empresas em que a gente investe precisam resolver problemas globais, e não localizados. O problema que a Laura resolve está no mundo todo, então nossa expectativa é que assim que a Laura ganhar musculatura no Brasil possamos criar oportunidades internacionais; as expectativas são muito grandes para que ela se torne uma empresa global nos próximos cinco anos”, afirma Geraldo Neto, sócio do GAA Investments.
O aporte na empresa curitibana acontece em um momento em que o mercado de healthtechs está aquecido no Brasile no mundo. Em 2020, o setor recebeu US$ 106,1 milhões em aportes, 70% mais que em 2019, segundo análise da startup Distrito. Hoje, há cerca de 670 startups de saúde no Brasil — 25% delas atuando no mercado de gestão de prontuários eletrônicos.
"A indústria de healthtechs vem crescendo e amadurecendo de maneira constante e sólida. Nos últimos anos, o setor já estava atraindo a atenção de empreendedores e investidores e a pandemia acelerou ainda mais esse movimento", afirma em nota Gustavo Araujo, fundador do Distrito.