O Ministério da Saúde está negociando a aquisição da vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês CanSino Biologics. O pedido de uso emergencial do imunizante, aplicado em dose única, foi apresentado anteontem à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Batizada de Convidecia, a vacina demonstrou eficácia de 65% para casos sintomáticos e de 91% para casos graves. Produzido a partir de um adenovírus humano não replicante, o imunizante foi desenvolvido em parceria com a Academia de Ciências Médicas Militares da China.
Tanto o volume da compra como o calendário de entregas ainda estão em negociação.
Representada no Brasil pela Belcher Farmacêutica, a vacina já tem autorização de uso em países como Paquistão, Hungria, Chile e México, além da China. A produção é realizada em unidades industriais na China, na Malásia, no Paquistão e no México.
A negociação se soma a outras iniciativas que vêm sendo tomadas pelo novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para ampliar o rol de vacinas disponíveis no país. Envolto ao bombardeio diário da CPI da Covid, o governo quer desfazer a imagem de que se opôs à vacinação como principal estratégia de ataque ao surto.
Ontem, Queiroga anunciou que se reuniu com representantes da farmacêutica americana Moderna, visando trazer a vacina da empresa para o Brasil.
“Conversei hoje com representantes da Moderna, momento em que expressei o interesse do Ministério da Saúde e do governo brasileiro em firmar parcerias com a fabricante para o fornecimento de vacinas com alta capacidade de resposta a variantes da covid-19”, afirmou o ministro.
Na terça-feira, a equipe de Queiroga conversou com executivos da Janssen para verificar a possibilidade de antecipação de doses da vacina, já contratada pelo governo. O cronograma mais atualizado mostra que todas as 38 milhões de doses da vacina - também de dose única - só devem chegar no quarto trimestre.
O ministério também está tentando encurtar o cronograma de entregas da Pfizer. Foi formalizado nesta semana um segundo contrato com a empresa, para 100 milhões de doses adicionais de vacina. O novo contrato prevê entregas apenas a partir de outubro, mas o governo quer que as doses comecem a chegar antes.
Segundo o Valor apurou, também avançaram nesta semana as tratativas para a aprovação da vacina indiana Covaxin pela Anvisa. As 20 milhões de doses acordadas pelo governo brasileiro já constam no cronograma oficial, mas sem previsão de entrega.
O mesmo não se pode dizer da Sputnik V. Mesmo após todo o desgaste entre a Anvisa e as autoridades russas, somado à forte pressão de políticos, o processo para liberação do imunizante no país pouco avançou.
O cronograma de vacinas do governo projeta atualmente a entrega de 663 milhões de doses até o fim do ano. O principal imunizante em termos contratuais é o da AstraZeneca /Oford, com 230 milhões de doses, seguido da Pfizer (200 milhões) e da Coronavac (130 milhões).
Está prevista para este mês a entrega de pouco mais de 33 milhões de doses. Para junho, a estimativa é de 52 milhões de doses.