No mundo dos negócios, é senso comum pensarmos que “tempo é dinheiro”. Porém, quando pensamos no mercado da saúde, tempo é vida – e isso fica ainda mais escancarado em tempos de pandemia. Cada mudança de processo, principalmente os burocráticos, que resulte em agilidade, é extremamente bem-vinda. Quanto mais ágeis e precisos forem os processos, maior a chance de vidas serem salvas.
Por esse motivo, nunca foi tão necessário automatizar processos. A inteligência artificial, que antes de mais nada, vale ressaltar que não veio substituir a atividade humana, e sim aperfeiçoá-la, tornou-se o principal atalho para processos que demandam tempo e atenção das equipes médicas, de enfermagem e de auditoria.
A inteligência artificial é capaz de coletar e analisar dados dos pacientes, transformando tarefas manuais em processos sistêmicos automáticos, com tomadas de decisão mais assertivas, que não são influenciadas, por exemplo, pelo cansaço compreensível dos médicos auditores que analisam centenas de documentos diariamente. De acordo com um estudo da MIT Technology Review Insights com mais de 900 profissionais do setor de saúde de todo o mundo, 45% dos entrevistados acreditam que a Inteligência Artificial ajuda a otimizar o tempo em consultas e outros procedimentos e, desta forma, os médicos e enfermeiros conseguem se dedicar mais aos pacientes.
Para dar alguns exemplos: a inteligência artificial já é usada hoje para auxiliar o compliance das operadoras de planos de saúde na análise e aprovação de procedimentos médicos, exames e cirurgias de forma automática. A partir do cruzamento de dados do paciente, o sistema atribui aprovações e probabilidades de rejeição a cada solicitação com muita precisão, auxiliando na redução de custos de processos operacionais, no aumento da eficiência do serviço e na detecção de possíveis fraudes, gerando um impacto direto na produtividade das operadoras. O paciente nem vai perceber, mas certamente será atendido mais rapidamente com este processo. Além do ganho em agilidade nas aprovações de procedimentos e exames, também podemos destacar a segurança em relação à eficiência da inteligência artificial – na TOTVS, a assertividade média alcançada pela nossa IA chega a 85%, ou seja, em 85% das análises, a decisão apontada pela máquina foi a mesma que a do médico auditor.
Além disso, depois da realização dos procedimentos e exames, a inteligência artificial ajuda a automatizar o processo de pós-auditoria que é realizado em todos os gastos que os hospitais e clínicas médicas tiveram ao longo do atendimento ao paciente, desde a avaliação dos medicamentos administrados até utensílios e serviços que foram utilizados com cada paciente. E, de novo: com altíssimo nível de eficácia.
Outro ganho importante é que os times de auditoria médica passam a comparecer presencialmente nos ambientes hospitalares apenas em certos casos, diminuindo a necessidade de expor os profissionais a ambientes onde há maior risco de contaminação viral, por exemplo, principalmente neste momento que vivemos.
Em resumo, a tecnologia já permite que processos de auditoria que demandam muito tempo e atenção sejam realizados com eficiência por máquinas com o uso da inteligência artificial. Ainda que a ação humana continue fundamental para a palavra final, a tecnologia já é capaz de identificar padrões e apontar dados em um grande volume de planilhas com uma precisão impressionante. Essa mudança sem dúvida traz produtividade para o setor, acelerando um processo que, feito manualmente, desgasta os profissionais e demanda muitas horas dos times responsáveis.
Em muito breve será impossível pensar na existência de departamentos de auditoria médica sem o uso dessa tecnologia tanto antes, como depois da realização dos procedimentos. Isso porque o ganho em eficiência é gigantesco, além de impactar de forma importante na redução de custos desnecessários, ao avaliar gastos que tenham sido incorretos ou até mesmo desonestos. É algo fundamental para que o setor da saúde avance na jornada da transformação digital, tornando-se mais eficientes e produtivos, e garantindo que os profissionais de saúde possam deixar de lado processos burocráticos para dar atenção ao que realmente importa: a vida.
*Rogério Pires é diretor do segmento de Healthcare da TOTVS.