A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) deve divulgar nesta semana o percentual do reajuste máximo autorizado para os planos de saúde individuais ou familiares para este ano. A expectativa é que o reajuste anual, aplicável aos planos com aniversário entre maio deste ano e abril de 2022, pode ser zero ou até negativo por causa da queda no número de consultas e cirurgias causada pelo temor da pandemia.
Mas esse alívio para os usuários dos planos, que chega depois de reajustes que chegaram a 40% por causa da suspensão do reajuste em 2020, não deve durar muito. O setor deve fechar o primeiro trimestre com o maior custo assistencial da história, segundo dados da Fenasaúde, entidade que representa as 15 maiores operadoras de saúde do país. Juntas, elas respondem por 40% do mercado.
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A pressão de custos é causada por dois fatores: o atendimento aos pacientes com Covid-19 e a retomada das cirurgias eletivas.
Em novembro de 2020, as despesas das operadoras foram 13,4% mais altas que em fevereiro, mês anterior ao início da pandemia. No primeiro trimestre de 2021, enquanto o Brasil superava 4.000 mortos por Covid a cada dia, os procedimentos chegaram a superar o patamar de 2020 e de 2019, demandando leitos, profissionais de saúde e custos de assistência, segundo levantamento da entidade com base no índice de utilização de 24% dos usuários do sistema.
Os procedimentos eletivos não urgentes sofreram recuo em alguns meses de 2020, mas, já no final do ano passado, haviam voltado à normalidade. Boletim da ANS detectou aumento de 37% no número de autorizações para exames e procedimentos em março deste ano frente ao mesmo período do ano anterior. "Podemos esperar um reajuste acima da média no ano que vem", diz Vera Valente, diretora-executiva da Federação Nacional da Saúde Suplementar (Fenasaúde), à EXAME Invest.
Apesar da pressão de custos e da disparada de preços, o setor de saúde continua a crescer. Incentivado pelo temor da pandemia e uma maior necessidade de segurança de saúde, o sistema privado ganhou aproximadamente 1,3 milhão de novos beneficiários nos últimos nove meses em todo o país, segundo dados da ANS. Em junho, o sistema contabilizava 46,7 milhões beneficiários, o patamar mais baixo de 2020. Em março de 2021, o número bateu a marca 47,9 milhões.