70% dos brasileiros apoiam o uso medicinal da cannabis
05/05/2021

O uso medicinal da cannabis tem apoio de 70% da população brasileira. Essa é a principal constatação de pesquisa “Cannabis é Saúde“, realizada pelo CIVI-CO, polo de negócios de impacto cívico-sócio-ambiental, sediado em São Paulo. O levantamento ouviu mil pessoas englobando todas as regiões do País, por meio de painel online. Outro ponto importante identificado é relacionado à propensão ao uso. No total 47%, estão muito abertos aos tratamentos, caso recebam indicação médica. Já 30% consideram baixa a probabilidade de adesão às terapias.

O percentual do conjunto favorável aos tratamentos com medicamentos à base de cannabis contrasta com outras descobertas apontadas pelos números. No total, 76% do público já sabiam da possibilidade de aplicação terapêutica. Porém, 59% ainda não conhecem as patologias para as quais é possível aplicar a medicina canabinoide.

 

O desconhecimento sobre as indicações impacta o comportamento. De acordo com os dados, 14% da amostra sabiam que os médicos podem prescrever fármacos à base de cannabis como parte do tratamento e 19% já haviam considerado utilizar a planta para fins terapêuticos. Com relação à utilização, 3% entrevistados receberam indicação clínica para o uso medicinal da cannabis e 10% conhecem alguém que já recebeu prescrição médica.

Aqueles que já conheciam algumas das aplicações medicinais citaram o tratamento de enfermidades como epilepsia, dores, ansiedade e câncer. No grupo dos que já consideraram recorrer à cannabis medicinal, as patologias mais prevalentes são ansiedade, insônia e dores.

Embora sete em cada dez pessoas desejem a consolidação da cannabis medicinal, o Brasil avança timidamente. Há pouco mais de um ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a fabricação de medicamentos no Brasil, bem como a comercialização em farmácias. Também existe um grupo de pacientes que possui autorização judicial para importar e associações com permissão para cultivar a cannabis e extrair o canabidiol. No entanto, o cultivo da planta para pesquisa e produção continuam proibidos.

Segundo Patrícia Villela Marino, co-fundadora do CIVI-CO e co-fundadora e presidente do Instituto Humanitas360, o cenário no País está configurado de forma a tornar o tratamento inacessível para a grande maioria da população. “A falta de regulamentação para o cultivo da cannabis voltado a fins medicinais leva à importação da matéria-prima, encarecendo muito o preço dos produtos. Por enquanto, somente tem acesso aos medicamentos aqueles com poder financeiro para comprar o produto nas farmácias ou arcar com os custos da judicialização. Desta forma, a maior parte dos brasileiros, especialmente, a parcela mais vulnerável tem seus direitos à saúde e a melhor qualidade de vida ceifados de maneira impiedosa”, enfatiza.

A pandemia da Covid-19 canalizou a atenção das pessoas para os cuidados com a saúde. Com isso, o reflexo natural é a maior abertura para novas terapias e, nesse contexto, o uso medicinal da cannabis vem despertando atenção crescente.

Uso Medicinal

A opinião pública voltou sua atenção ao uso medicinal da cannabis na década de 1990, a partir da luta de mães para que seus filhos pudessem ter acesso a tratamentos à base de cannabis, buscando melhora em condições graves como, por exemplo, epilepsia refratária aguda. O movimento teve grande repercussão e abriu portas internacionalmente à utilização com finalidade médica legal. Atualmente, cerca de 60 países têm regulamentações específicas para o uso medicinal da cannabis.

Esses avanços não acontecem à toa. Há um conjunto cada vez mais robusto de evidências científicas apontando os inúmeros benefícios da planta para a medicina, com aplicação terapêutica bem sucedida em casos de esclerose múltipla, transtorno de estresse pós-traumático, dor neuropática crônica, epilepsia e quadros convulsivos. Bons resultados também são registrados no tratamento de sintomas como náusea e vômito induzidos por quimioterapia, distúrbios do sono, ansiedade, perda de peso em pacientes com HIV, além de características ocasionadas por cânceres e doenças do neurônio motor.

A pesquisa “Cannabis é Saúde” ouviu mil pessoas, distribuídas nas cinco regiões do Brasil. A composição da amostra teve homens e mulheres, acima dos 18 anos, abrangendo as classes sociais A, B1, B2, C1 e C2. O levantamento realizado pelo CIVI-CO tem apoio do Instituto Humanitas360, Instituto de Pesquisas Sociais e Econômicas da Cannabis (IPSEC), Centro de Excelência Canabinoide (CEC) e The Green Hub.





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