A farmacêutica brasileira Cristália, que produz medicamentos e insumos (princípios ativos), vai começar a exportar tecnologia, diz Ogari Pacheco, presidente e um de seus fundadores. A companhia está em negociação com uma indústria mexicana de artigos médicos para transferir tecnologia em produção de medicamentos antirretrovirais, que são usados no tratamento da Aids.
A empresa brasileira vai ajudar a mexicana a dar início à sua atuação no setor farmacêutico começando pela montagem da fábrica. Aos poucos, pretende levar a tecnologia de produção, primeiramente com a fabricação dos medicamentos, exportando os insumos. Em seguida, vai transferir o conhecimento para a produção dos princípios ativos.
Além de representar o início da ofensiva da Cristália ao mercado externo, o negócio coloca o Brasil em uma nova posição na área. "Nunca antes houve transferência de tecnologia no setor do Brasil para o exterior", afirma o presidente da companhia.
Uma das poucas companhias verticalizadas no país - concorrendo com a Libbs e a Bionovis (união de Aché, EMS, União Química e Hypermarcas) -, a Cristália é conhecida por sua tecnologia e sua inovação. Tem 75 patentes e produz cerca de metade dos insumos necessários para seu processo produtivo, muito acima da média brasileira. Segundo o empresário, o Brasil fabrica internamente apenas 9% dos princípios ativos que utiliza.
A Cristália também fornece insumos para outras farmacêuticas. No mercado colagenase, enzima usada em pomadas para a limpeza e a cicatrização de ferimentos, Pacheco diz que a empresa tem hoje 50% do mercado local.
Fundada em 1969, a companhia tem um complexo produtivo em Itapira, no interior de São Paulo, e empresas coligadas em Minas Gerais e na Argentina. Na unidade paulista, tem uma fábrica de biotecnologia, uma de farmoquímica e duas unidades farmacêuticas, onde desenvolve suas tecnologias de produção.
No início, fabricava medicamentos para psiquiatria, como tranquilizantes e psicotrópicos. Hoje, além desses produtos e dos antirretrovirais, tem entre seus principais medicamentos os analgésicos, os usados em dermatologia estética e terapêutica e os remédios para dor severa.
"Ao longo dos anos, optamos pelo desenvolvimento dos medicamentos mais sofisticados," afirma Pacheco, que é formado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP), com especialização em cirurgia gástrica.
No ano passado, a Cristália faturou R$ 1,4 bilhão com a venda dos insumos e dos medicamentos, principalmente para governos e hospitais, que geram 80% de suas vendas. O resultado foi 17% superior ao faturamento de R$ 1,2 bilhão em 2012. Com esses números, está entre as maiores do setor no país, concorrendo com farmacêuticas como Pfizer, EMS, Novartis, Roche e Eurofarma.
© 2000 – 2014. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.
Leia mais em: