A probabilidade de uma recuperação econômica global coordenada da pandemia de covid-19 diminuiu. A vacinação mais lenta e uma nova onda de contágios em alguns países está resultando em “perspectivas de crescimento muito divergentes”. É o que diz estudo exclusivo do “Financial Times”.
O principal motor do sucesso econômico em 2021 deverá ser a capacidade de controlar o vírus, aponta o “tracking index” Brookings-FT, que prevê que os países ricos superarão os emergentes em crescimento, indicadores financeiros e confiança dos investidores nos próximos meses.
O índice aparece no momento em que ministros das Finanças e banqueiros centrais se preparam para reuniões virtuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial nesta semana. As perspectivas econômicas divergentes adicionarão tensão às já intensas batalhas globais pela produção e distribuição de vacinas.
“A economia mundial se depara com perspectivas de crescimento muito díspares em várias regiões, à medida que as expectativas de rápida recuperação do funesto ano de 2020 se tornam incertas”, disse o professor Eswar Prasad, do Brookings Institution.
O Brookings-FT Tracking Index para a Recuperação da Economia Mundial (Tiger, na sigla em inglês) compara indicadores da atividade real, mercados financeiros e confiança com as médias históricas da economia global e de cada país, indicando até que ponto os dados do período atual são normais.
Nos números dos últimos seis meses, os dados das economias emergentes continuam bem piores que o usual desde que o índice começou a ser feito, em 2012, enquanto o desempenho das economias avançadas melhorou juntamente com a recuperação dos mercados financeiros.
Na semana passada o FMI e a ONU alertaram que os países mais pobres, atingidos pelos efeitos econômicos e de saúde da pandemia, poderão ter uma crise de dívida se medidas mais ambiciosas não forem adotadas por instituições multilaterais e pelas economias mais ricas do mundo.
Prasad disse que o sucesso econômico depende de os países conduzirem corretamente suas políticas econômica e de saúde. “A receita para uma recuperação sólida e durável segue sendo a mesma do último ano - medidas firmes para controlar o vírus, combinadas com estímulos monetários e fiscais equilibrados, com uma ênfase em políticas que apoiem a demanda e melhorem a produtividade.”
Os EUA e a China, as duas maiores economias do mundo, estão liderando a recuperação global, segundo o índice, mas com políticas diferentes. O crescimento dos EUA deverá ser recorde neste ano, e o PIB deve superar os níveis pré-pandemia, amparado pelos estímulos fiscais do presidente Joe Biden, que colocaram uma substancial força financeira nas mãos da maior parte das famílias americanas.
A economia da China continuou resiliente, com poucos surtos de covid-19 e o governo voltando sua atenção para metas de prazos mais longos para incrementar o consumo e o setor de serviços.