A pandemia trouxe à tona uma série de necessidades do mercado de saúde e, por isso, algumas mudanças e adaptações tiveram que ser feitas rapidamente. Uma delas foi a implantação da telemedicina. O acesso à uma consulta online é revolucionário e facilitou o dia a dia do paciente, pois ele não precisa mais se deslocar até o hospital, dependendo do motivo do teleatendimento. Isso também reduz o número de pessoas atendidas presencialmente nas instituições e colabora para desafogar o sistema de saúde. Esse foi um dos principais pontos levantados por Cadu Lopes, CEO da Doctoralia, no debate Transformação Digital na Saúde, ao lado do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Márcia Huçulak, Secretária Municipal de Saúde de Curitiba.
Durante o evento online promovido pelo programa Vale do Pinhão, da Agência Curitiba de Desenvolvimento, o ex-ministro da Saúde afirmou que o Brasil é um país de muitos contrastes e acentuada desigualdade social, mas que é impressionante a rapidez da transformação digital e como isso impacta a todos. “Me formei em Medicina em 1989 e passei o curso todo sem jamais ter usado um computador. Tenho os livros em casa ainda. Hoje, meu filho é residente e tem acesso às melhores publicações científicas do mundo na palma da mão. Toda essa transformação ocorreu de uma geração para a outra, apenas. Isso quer dizer que a tecnologia ainda nos reserva muitas outras coisas no futuro”, contou.
Ao oferecer comodidade, segurança e praticidade para médicos e pacientes, a telemedicina foi um dos principais pontos positivos dentro da transformação digital do setor. “Ela tornou-se essencial para a rotina das instituições, como mais uma alternativa na entrega de saúde com qualidade e segurança, melhorando a relação médico-paciente”, contou Cadu. A Doctoralia, da qual o profissional é CEO, agiu rapidamente para a implementação da ferramenta em março de 2020, logo que foi aprovada pelo Ministério da Saúde em caráter excepcional, disponibilizando para médicos premium da plataforma e, gratuitamente, para as prefeituras interessadas. De lá para cá, mais de 740 mil consultas remotas já foram agendadas.
Sobre a implantação da telemedicina no sistema de saúde, Curitiba foi a primeira capital a oferecer teleatendimento para triagem de Covid-19 em parceria com a Doctoralia. Marcia Huçulak, Secretária Municipal de Saúde da cidade, explicou como a digitalização e a implantação de um aplicativo facilitou a gestão nas UPAs e a vida dos pacientes, que não precisam mais ir até as unidades para agendar consultas e exames, por exemplo. “Tínhamos uma parte da população que o SUS cuidava bem, mas tínhamos outra parte que estava com dificuldade de acesso e nós precisávamos quebrar essas amarras. O aplicativo da prefeitura, intitulado Saúde Já, ajudou a romper com os micropoderes e trouxe para perto trabalhadores informais e donas de casa, por exemplo, que muitas vezes não têm tempo de ir até a unidade para agendar uma consulta ou retorno durante o dia. Foi possível dar oportunidades para as pessoas. Isso me emociona porque o motivo da existência da política pública é fazer a diferença e diminuir a desigualdade, especialmente na saúde. O futuro é isso”, afirmou.
Cadu concordou com a profissional no quesito acessibilidade e disse que mais da metade das consultas online da plataforma estão sendo agendadas depois do horário comercial. “Ou seja, é o motorista, a diarista, pessoas que estão muito ocupadas durante o dia e que só podem fazer a gestão da sua saúde e da família no período noturno, o que não seria possível sem a telemedicina. A possibilidade de poder cuidar da sua saúde 24 horas por dia, sete dias da semana, ter autonomia, como escolher adequadamente o profissional de saúde, isso desafoga o sistema. Estamos falando sobre mais eficiência, qualidade, diminuição de custos, gestão de dados e redirecionamento de recursos e tempo dos profissionais, pacientes e instituições”, disse.
Ferramentas facilitadoras como essa, na opinião do CEO, são fundamentais, principalmente nesse momento. “Nunca fomos colocados tanto à prova como agora na pandemia. Além de utilizar a tecnologia ao nosso favor, precisamos adotar um pensamento positivo, redescobrir prazeres e novos significados”, contou. Márcia também finalizou dizendo que estar viva hoje é um privilégio. “É o maior desafio pessoal e profissional da minha vida, nunca imaginei passar por isso. Foram dias e decisões difíceis, mas vai passar. Neste dia, tivemos 44 óbitos na cidade e isso é avassalador para mim e para as equipes das unidades básicas de saúde. Acredito que para conseguirmos avançar no meio tecnológico e criar novas oportunidades, precisamos que as pessoas fiquem em casa e se vacinem, aqueles que puderem, claro”.