Assim como em uma iniciativa no Rio e pesquisas em outros países como na Argentina, o soro é desenvolvido a partir do plasma de cavalos. Segundo o diretor, o estudo se mostrou seguro e efetivo nos testes pré-clínicos, feitos em camundongos e coelhos. "Está mostrando resultados extremamente promissores. Esperamos que a mesma efetividade seja mostrada nesses estudos clínicos", afirmou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes no início do mês.
Ao todo, 3.000 frascos estão prontos para iniciar o estudo clínico e mais 3.000 prontos para envasar, que será realizado em pacientes transplantados do Hospital do Rim e com comorbidades do Hospital das Clínicas, ambos da capital paulista, nos quais serão conduzidos, respectivamente, pelos médicos José Medina e Esper Kallas.
"Esse material foi todo desenvolvido no Butantan. O vírus foi isolado de um paciente brasileiro. Foi, na sequência, cultivado, inativo, submetido a vários testes em camundongos e, finalmente, levado a imunizar os animais", explicou Dimas Covas.
"Esses animais [cavalos] foram submetidos a esse vírus e, na sequência, produziram anticorpos. O plasma desses animais foi coletado e processado nas nossas instalações, dando origem ao produto."
Ao longo do estudo, foi constatada a diminuição da inflamação dos pulmões de hamsters após um dia de tratamento, o que pode contribuir na redução da letalidade da covid-19. "Esperamos que a mesma efetividade seja demonstrada agora nesses estudos clínicos, que poderão ser autorizados na próxima semana para ter seu início", destacou o diretor.
Segundo o Butantan, o objetivo do soro anticovid é amenizar os sintomas da doença nas pessoas já infectadas. Ele não é capaz de prevenir a doença. A ideia é que o soro contribua para reduzir a letalidade de casos do novo coronavírus.
Os estudos estão sendo conduzidos pelos médicos Ésper Kallas e José Medina, membros do Centro de Contingenciamento da Covid-19 em São Paulo.
Outros estudos sobre o tema tiveram resultados satisfatórios até o momento. Na Argentina, o estudo clínico com plasma foi feito com 160 pacientes pela Fundação Infant e mostrou que a administração precoce em idosos com infecção moderada reduziu a progressão da covid-19. Nenhum evento adverso foi observado.