As recentes descobertas pela ciência sobre o sistema endocanabinoide e a importância dele para o bom funcionamento do corpo humano fizeram surgir uma nova fronteira na medicina que, se bem aplicada, pode transformar a vida de pessoas que sofrem das mais variadas doenças: a terapia canabinoide. No entanto, apesar das milhares de pesquisas científicas sendo realizadas em todo o mundo, da alta demanda de pacientes em busca de tratamento diante das evidências de sucesso, a cannabis medicinal ainda encontra resistência, estigma e um baixo número de profissionais aptos a prescrever medicamentos à base da planta.
Diante deste cenário, a neurocirurgiã Patrícia Montagner, uma das principais especialistas brasileiras no tema, criou a WeCann Academy, uma plataforma de formação médica que abordará os principais recursos para a prescrição da cannabis medicinal. O curso, que terá sua primeira turma em março, é totalmente online, com cinco módulos e sete semanas de duração, proporcionará ao aluno uma atualização semanal sobre artigos científicos e mentorias com a participação de diversos especialistas nacionais e internacionais para discussão de casos clínicos.
“Há inúmeros exemplos de aplicação da medicação, entre as quais o tratamento de dor crônica, dor neuropática, fibromialgia, doença de Parkinson, Alzheimer, epilepsia, doença inflamatória intestinal, transtornos de ansiedade, insônia e nos cuidados paliativos de pacientes oncológicos, todos cientificamente embasados. Por isso, é preciso oferecer educação e formação para que os médicos possam prescrever essa ferramenta terapêutica a seus pacientes com segurança e eficácia”, explica a médica, que trata em sua clínica mais de 800 pessoas de todas as regiões do país.
Além do tabu que existe em torno do assunto e da inexistência de disciplinas na graduação e pós-graduação das ciências médicas, a desinformação tem sido um dos principais entraves para a popularização do tratamento. No entanto, a pressão por parte dos pacientes e as novas perspectivas para a fabricação de medicamentos derivados da cannabis, apontam para a importância de capacitar os profissionais. “Estamos apenas no início desta jornada, mas as evidências científicas e a robustez dos resultados observados diariamente na qualidade de vida de milhares de pacientes comprovam o potencial disruptivo dessa ferramenta terapêutica, que deve ser ampliada para os colegas de todas especialidades e áreas de atuação da medicina”, diz a neurocirurgiã.