A healthtech Alice, gestora de saúde individual, anunciou uma parceria com o Hospital Albert Einstein para desenvolver o modelo de “saúde baseada em resultados”, do inglês Value-Based Healthcare (VBHC). “O Einstein passa agora a ser uma opção de contratação para nossos membros na hora de montar seu plano Alice, podendo ser combinado com diferentes laboratórios, conforme a preferência de cada pessoa”, explica André Florence, cofundador e CEO da Alice. “Esse passo da Alice representa muito mais que uma parceria. Estamos falando aqui de avançar com um modelo efetivo de ‘Value-Based Healthcare’ do país”, elucida.
“O Einstein está entusiasmado com esta parceria, cujo modelo foi desenhado para melhorar a experiência das pessoas, contribuir para desfechos clínicos melhores e buscar mais eficiência no uso de recursos”, explica Sidney Klajner, presidente do hospital.
Saúde baseada em valor
O sistema de saúde suplementar no Brasil é baseado em “pagamento por serviços”, o que muitas vezes gera desperdícios. Os altos custos acabam sendo repassado aos consumidores. “A Alice nasce com outra mentalidade. Somos a resposta para quem dá valor à saúde, pois estamos focados nas pessoas, em prevenção, e não em ganhar com quantidade de procedimentos”, esclarece Gabriela Brazão, Diretora da Comunidade de Saúde Alice.
O conceito de “saúde baseada em valor”, proposto em 2006 pelos professores da Escola de Negócios de Harvard, Michael Porter e Elizabeth Teisberg, e no qual a Alice se inspira, introduz a ideia de que o sistema de saúde deve considerar a qualidade do serviço prestado ao paciente e o resultado de melhora de saúde obtido. Ou seja, é preciso adotar o incentivo correto: investir em prevenção, prover o melhor tratamento baseado nas melhores evidências científicas, monitorar os resultados de saúde e, com isto, assegurar a utilização consciente de recursos.
“Conseguimos implementar o cuidado baseado em resultados porque somos uma empresa de tecnologia com uma visão de longo prazo. Não existe ‘Value-Based Healthcare’ sem mensuração de indicadores de qualidade e saúde e integração de dados”, explica Brazão. “O VBHC é essencial para as pessoas, hospitais e todo o sistema, pois garante acesso à saúde e torna as pessoas realmente mais saudáveis”.
Na prática
Os planos de saúde na Alice são modulares e definidos pelos próprios membros, isso via aplicativo, site ou por telefone com suporte de um especialista da empresa. Eles escolhem quais hospitais, maternidades e laboratórios irão compor seu plano, conforme suas preferências, da mesma forma que optam pelo tipo de acomodação.
O Einstein faz parte do rol da gestora juntamente com outros nomes de referência, como o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o Hospital Sabará e a ProMatre Maternidade, os laboratórios Fleury e A+, além de médicos especialistas renomados, atualmente dedicados somente à Alice ou a consultas particulares.
“Os membros fazem uma consulta de imersão com seu Time de Saúde e, juntos, montam um Plano de Ação com base nos objetivos de saúde da pessoa”, explica Mário Ferretti, Diretor Médico da Alice e Presidente do Alice Medical Founding Team (AMFT), conselho formado por médico(a)s sócios da healthtech.
“Faz parte da filosofia ‘Value Based Healthcare’ medir os desfechos clínicos, ou seja, os resultados de saúde dos membros. Para se ter uma ideia, nossos dados preliminares já mostram uma melhora significativa na vida de nossos membros: 81% deles melhoraram sua saúde mental, 71% apresentaram uma melhora em sua qualidade de vida como um todo e 47% dos membros obesos deixaram de ser”, revela Ferretti.
Os hospitais, laboratórios e especialistas parceiros da Alice estão integrados na plataforma da healthtech, o que permite à empresa fazer a coordenação de cuidado completa de seus membros. Isso garante que todo o histórico de saúde da pessoa fique registrado no aplicativo.
“Isso vale para os membros que usam Einstein e quaisquer outros planos modulares da Alice”, esclarece o médico. “Por isso que falamos que dá até dó chamar de plano de saúde”, brinca Ferretti.
Crescimento
A Alice confirmou este mês um aporte de investimento no valor de US$ 33,3 milhões. A chamada Series B ocorreu pouco mais de um ano após os primeiros investimentos em 2019, Series A e Seed, no valor de US$ 14,5 milhões. A rodada foi a maior Series B para healthtechs já registrada no Brasil. Os investimentos da Series B serão direcionados para contratações de mais profissionais de tecnologia, negócios e saúde, ampliação de produtos e novas parcerias no setor de medicina.
O round foi liderado pela ThornTree Capital Partners e contou com aportes da Kaszek Ventures, Canary e MAYA Capital, investidores de rodadas anteriores, e também com novos fundos, como Endeavor Catalyst. Ao total, já foram investidos US$47,8 milhões na empresa. “Crescemos em média 51% ao mês desde nosso lançamento. Estimamos quintuplicar o número de membros até o final do ano”, afirma Florence.