Projetos incluem expansão futura
16/06/2014 - por Helô Reinert

Projetos incluem expansão futura

Por Helô Reinert | De São Paulo
 
Divulgação / DivulgaçãoInstituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro, aproveita a iluminação natural e racionaliza uso de energia e água

 

Cada vez mais, os hospitais chamam a atenção pela estrutura externa e pelas instalações. Ainda que a arquitetura hospitalar não se restrinja aos prédios, seria impossível desconsiderar o design das fachadas, as recepções espaçosas, o pé direito alto, a diversidade de cores e a iluminação. Novos conceitos para ambientes hospitalares trazem as palavras conforto e bem-estar para dentro dos edifícios. Em alguns casos, as condições são semelhantes aos dos hotéis de luxo. Mas existem diferenças que precisam ser consideradas no projeto funcional. A estética garante o bom funcionamento de um hospital se estiver aliada a mais segurança no atendimento e fluxos. Outra particularidade dos projetos mais recentes é prever a próxima expansão.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, prepara-se para o futuro. A criação de um modernos campus integrado concentrará as áreas de pesquisa, assistência, educação, prevenção, vigilância e detecção precoce de doenças. A obra já foi contratada. O conjunto de edifícios que ocupará um quarteirão inteiro da cidade do Rio de Janeiro leva em consideração atributos altamente valorizados hoje: aproveitamento da iluminação natural, praças entre os prédios do complexo e itens como economia de energia e reaproveitamento da água. Nas fachadas serão utilizadas placas de cerâmica de forma a ventilar a fachada. E para reduzir o sol, estruturas conhecidas como "brises".

O Hospital Israelita Albert Einstein segue caminho inverso ao desconcentrar as atividades. Entre as unidades mais novas, destaca-se a do bairro Perdizes. O conceito de comunicação visual seguiu a linha do Einstein, mas o edifício tem identidade própria. A máxima ocupação do lote destacou a horizontalidade. Os espaços sociais recebem muita iluminação natural e contam com o pé direito duplo. "Aproveitamento da luz natural com visão ampla do espaço fora do hospital propicia uma sensação importante", diz Renata Gomes, arquiteta associada ao escritório Levisky.

Os hospitais hoje são empresas atentas a todos os públicos. A área de convívio não se restringe aos visitantes. "Anos atrás o hospital tinha como foco o usuário fim, mas hoje quer oferecer conforto também para o médico, que é um cliente de máxima importância", diz Cynthia Kalichsztein, arquiteta e sócia do escritório RAF, especializado no ramo hospitalar. O espaço de convivência para os funcionários aumenta nos projetos. A arquitetura também acompanha a rotina do médico, que se move muito mais no interior do edifício que o paciente.

A complexa instalação para os equipamentos de alta tecnologia é outro ponto crítico. Cada vez mais o tijolo deixa de ser utilizado nas paredes internas. Por ser de gesso, o material conhecido como "drywall" facilita tanto na hora da reforma quanto no momento da ampliação.

Inaugurado no final de 2011, a nova versão do Instituto Nacional de Traumatologia Ortopédica, Into, teve como ponto de partida o edifício de nove andares que foi sede do Jornal do Brasil, na zona portuária do Rio de Janeiro. A estrutura incorporou duas torres verticais de vidro, um prédio para acomodar a recepção no térreo e estacionamento nos andares superiores, além de um átrio central. Manteve-se a arquitetura modernista do prédio. As dificuldades para ampliar a partir de uma edifício pré-existente são maiores quando se trata de um hospital. Na construção de edifícios novos, existem regras específicas para as dimensões e a ocupação do terreno.

Profissionais do setor costumam dizer que, no momento da inauguração de um hospital, já se começa a pensar na primeira reforma interna. Por isso, o projeto deve levar em conta critérios de flexibilidade e adaptação. Lauro Miquelin, diretor geral da L+M, está à frente de um modelo de negócio que prevê a entrega de um hospital pronto para funcionar. Arquitetura, construção, instalação de equipamentos e gestão da operação da "bata cinza", ou seja, das atividades que não estão ligadas diretamente ao trabalho de assistência médica e de enfermagem, integram o pacote de atividades da L+M. Comida, limpeza, segurança manutenção e higienização exigem fluxos rápidos. O planejamento dessa movimentação é parte fundamental da arquitetura hospitalar. "As pessoas, os processos e a estrutura precisam garantir o melhor estado de bem-estar possível", diz. Segundo esse critério, a hospitalidade está acima da estética.

João Carlos Bross, professor e presidente da Bross Consultoria e Arquitetura, prefere o termo arquitetura para a saúde. Para ele, a nova concepção, que prioriza a prevenção, alterará as construções. O uso da tecnologia da informação é um dos pilares da mudança. De acordo com Bross, a consulta à distancia e o mapeamento genético contribuirão nesse sentido. A tendência seria o esvaziamento dos grandes edifícios e a adoção de um sistema em rede hierarquizado por complexidade no qual o hospital e o cuidado em casa, "home-care", desempenharão papel relevante.



 

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