Os tratamentos médicos não param de evoluir e a tecnologia caminha na mesma velocidade, transformando a maneira como os pacientes são atendidos e reduzindo erros médicos. Na gestão da saúde, as instituições dão prioridade cada vez mais à capacidade de conectar e distribuir informações. Ferramentas como a telemedicina e o armazenamento de imagens de exames por meio da computação em nuvem estão quebrando paradigmas na área. "Trata-se de uma mudança na forma da prestação de serviços, do tratamento das imagens e na feitura do laudo", afirma Paulo Benevicius, diretor de healthcare da GE Healthcare.
A empresa lançou recentemente o Centricity 360 que captura imagens de raios-X, tomografia, mamografia, ressonância, ultrassom, armazena e faz o processamento de laudo fora do ambiente de dados do hospital. O conceito de computação em nuvem na área médica permite acessar informações de qualquer lugar, sem necessidade de instalar programas ou armazenar dados em infraestrutura própria de tecnologia da informação. "Por meio de uma parceria firmada entre a GE e o data center UOL Diveo o sistema permite à instituição de saúde contratar e pagar o serviço de acordo com a quantidade de exames realizados", destaca Benevicius.
O especialista pode manipular a imagem pela internet - ajuste de contraste, brilho, tamanho, entre outros -, e realizar o laudo fora da instituição onde o exame foi realizado. "Com essa tecnologia, mesmo uma clínica ou hospital em regiões remotas pode contar com o laudo feito a distância, por um profissional de um grande centro de excelência, aumentando o número de pacientes com acesso à medicina diagnóstica de qualidade. Quanto mais procedimentos de imagem a instituição fizer, menor será o custo unitário cobrado. A instituição de saúde também pode aumentar ou reduzir a demanda, sem ter que mexer na infraestrutura", explica o executivo.
Apesar de ser comum em outros segmentos da indústria, a computação em nuvem é relativamente nova na área de exames por imagens. Ela permite que os radiologistas usem ferramentas de laudos sem estar fisicamente em uma clínica, podendo acessar as imagens onde existir um link de internet. "O hospital também não precisa dimensionar a capacidade de armazenamento que é feita pelo UOL. A instituição de saúde pode aumentar o número de procedimentos, sem ter que ajustar a infraestrutura, pagando por exame armazenado", diz Benevicius.
O radiologista recupera as informações da nuvem, faz o laudo no portal do hospital e envia para o especialista. Não é necessário revelação dos exames em filme, nem esperar dias para que fique pronto, com o envio simultâneo ao paciente e ao especialista digitalmente por meio de um link direto da instituição de saúde com o UOL.
Como o sistema é suportado por um data center, o médico ou a instituição de saúde não precisa de uma estação de trabalho para ler o exame, apenas um dispositivo de acesso à internet. A imagem pode ser compartilhada com vários especialistas no caso de um diagnóstico mais delicado, simulando uma sala de reuniões. "A legislação brasileira não permite que médicos analisem as imagens de dispositivos móveis, mas o acesso à análise no laudo pode se dar nos dispositivos móveis", explica.
Outra mudança de paradigma é a forma como as informações do prontuário eletrônico de paciente são capturadas e armazenadas. Referência no setor, o Hospital Albert Einstein, de São Paulo, implantou no fim do ano passado uma solução com reconhecimento de voz em algumas áreas da enfermagem. As profissionais entram com dados sobre a evolução do paciente por meio de um microfone, a partir do desenvolvimento de um vocabulário em português específico e por uma adaptação do sistema ao seu trabalho, sem ter que digitar informações, explica o diretor de tecnologia da informação, Ricardo Santoro, diretor executivo de tecnologia da informação do Einstein.
O projeto foi implantado em duas áreas da radiologia e atende 2 mil enfermeiras. "A evolução do sistema prevê a implantação no setor de internação de pacientes e no centro cirúrgico", explica Santoro. Novas áreas contarão com o recurso até 2016 quando o hospital finaliza a troca de seu sistema de gestão que englobará a gestão de leitos, laboratórios, prescrição de medicamentos, força de trabalho, faturamento e pagamentos envolvendo 8 mil funcionários, incluindo médicos e pessoal administrativo. "O que hoje é digitado como texto poderá ser inserido por meio de comandos de voz", explica Santoro.
Para operar esse sistema o Einstein optou por uma nuvem privada - com data center próprio - para ter mais velocidade no acesso às informações e por questões legais, como a necessidade de armazenar exames por 30 anos.
O hospital conta com um ambiente de gestão e armazenamento de imagem de exames ou Picture Archiving and Communication System (PACS) suportado pelo data center do hospital. O recurso fica disponível para o médico radiologista e outros profissionais, que podem acessar as imagens e o laudo para uma segunda opinião que valida o diagnóstico.
As imagens ficam no portal do hospital e podem ser acessadas pelo paciente por meio de uma senha. "A solução permite aos médicos o acesso remoto às informações no seu consultório, por meio de um notebook ou tablet", diz Santoro. O Einstein também tem um projeto de telemedicina que une seus especialistas a 20 hospitais públicos em todo o país para avaliação de casos de emergência e auxílio de diagnóstico via internet. Os hospitais têm com um carrinho com câmera e notebook que se conecta a uma sala de plantão onde ficam os médicos disponíveis para discutir os casos de forma remota.
© 2000 – 2014. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.
Leia mais em: