Recursos de tecnologia da informação em serviços de saúde não assustam mais os pacientes: entre 89% e 93% dos brasileiros (dependendo da faixa etária) acreditam que eles são importantes, e 76% defendem o acesso pessoal às informações do prontuário eletrônico. Por outro lado, menos da metade dos consumidores (entre 15% e 39%) diz que o prestador oferece qualquer tipo de recurso ou serviço eletrônico. Um empreendedor atento veria neste cenário uma oportunidade de negócios.
Accenture e Avanade, consultorias especializadas em gestão e serviços de tecnologia, baseada principalmente em plataformas da Microsoft, concordam. Afinal, elas não só são responsáveis pelo estudo citado acima, como também organizaram durante esta semana, na sede da Accenture em São Paulo, o Health Industry Solution Week, espécie de showroom provisório para demostrar soluções aderentes ao setor de Saúde.
São principalmente tecnologias e inovações aplicáveis em telemedicina, cuidados domiciliares (health care) e backoffice, temas considerados mais relevantes para o setor de saúde pelas empresas, e que incluem prestadores de serviços e fontes pagadoras. Além da imprensa, estão sendo recebidos clientes e parceiros para as demonstrações.
“Há um desejo de inovação no mundo da Saúde”, diz Rene Parente, executivo sênior da Accenture, pouco antes da reportagem visitar o showroom. A empresa atua no segmento desde 2005 (sendo que Health & Public Services é a vertical responsável pela maior parte do faturamento global da consultoria, superando inclusive o setor financeiro), mas promete “um reforço” para o ano de 2014.
Só no Brasil são 350 pessoas dedicadas à vertical Saúde, uma “indústria com muito a crescer e explorar”. O foco são as grandes empresas, com foco não só na integração necessária para que as soluções demonstradas funcionem com os prontuários eletrônicos ou sistemas de gestão de tantos diferentes fabricantes, mas também nos parceiros de hardware, como Cisco e a própria Microsoft.
Roteiro
Na primeira demo, uma solução para empresas de assistência domiciliar que conecta o médico ao paciente, usando a plataforma de nuvem Azure, da Microsoft, com o objetivo de monitorar não só as condições do doente, mas também fornecer programas de exercícios regulares – feitos na frente do Kinect, sensor de capitação de movimento que equipou primeiro videogames, mas que tem sido muito mais útil na medicina e na fisioterapia do que no entretenimento.
Utilizada atualmente no País Basco com o nome de Teki, a solução reduz custos de deslocamento de pacientes idosos e promove um monitoramento constante das condições clínicas, de acordo com padrões altamente parametrizáveis – incluindo batimentos cardíacos, pressão e temperatura. A interface (do médico e do paciente) pode ser acessada de computadores ou outros dispositivos, rodando ou não sobre o sistema operacional da Microsoft.
“Ajustamos e implantamos por projeto, de acordo com cada cliente, o que é nosso diferencial”, explica Adriano Neves, executivo de vendas corporativas da Avanade. A interface do médico permite ainda que, em caso de emergência e utilizando recursos de geolocalização, o profissional de assistência mais próximo do paciente seja deslocado para um socorro. Alertas de acordo com as condições clínicas do paciente podem ser programados.
Para backoffice, as empresas demonstraram soluções de análise capazes de, a partir dos dados dos pacientes, gerar previsões do tempo de internação e de alta, entre outros indicadores relacionados, como custos. Pensando em branding, o Microsoft Social Listening monitora as redes sociais para identificar quais formadores de opinião precisam ser influenciados para alterar ou manter opiniões positivas nestes ambientes.
Por último, telemedicina: usando o Lync (ferramenta de colaboração da Microsoft) integrado com o Sharepoint, a ferramenta suporta o relacionamento entre os profissionais da saúde e facilita o acesso aos dados do paciente. A ideia é promover a usabilidade: sem muito esforço, é possível visualizar imagens radiológicas e indicadores clínicos durante as chamadas.