Mesmo com prazo estendido, faltam casos de sucesso do TISS 3
Anúncio da atualização 3.02 amplia prazo para agosto, mas maioria das instituições ainda trocam informações em padrões antigos
03/06/2014

A pouco mais de 48 horas do fim do prazo obrigatório para adoção do padrão TISS 3.01, que terminaria em 30 de maio, a Agência Nacional de Saúde Suplementar anunciou em seu site a disponibilidade dos componentes da versão 3.02.00. A atualização, já conhecida do setor desde a última reunião do colegiado da ANS, em 14 de maio, atende em certa medida às súplicas das operadoras e amplia o prazo de adoção da “versão 3” até 31 de agosto de 2014.

Antes de receberem este “respiro”, as instituições fizeram um pedido formal de adiamento, alegando dificuldades de implantação, principalmente na comunicação e transmissão de dados entre fontes pagadoras e prestadores de serviços. Mesmo assim, a agência negou a solicitação, ampliando apenas a data limite de adoção do novo TUSS pra novembro.

CONFIRA: Os cinco componentes do TISS 3.02

“Não temos nenhum caso de sucesso integral de implantação do novo padrão”, explicou Luis Gustavo Kiatake, diretor de relações institucionais da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde, a SBIS, e representante da entidade na ANS. Durante o V Implanta TISS | TUSS, realizado pela Comissão de Estudo Técnico TISS da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ANBT). Kiatake apelou à plateia formada por profissionais de TI em Saúde que apresentassem exemplos bem sucedidos de implantação, a serem posteriormente apresentados à agência.

“A gente continua procurando casos de sucesso”, disse o diretor, com um certo ar de pesar. “Eles fazem falta.” Atualmente, a maioria das operadoras e prestadores simplesmente não trabalha sequer com a atualização mais recente da versão 2.0, segundo mostra uma pesquisa feita pela Unimed do Brasil. Muito embora as operadoras tenham a prerrogativa de negar o recebimento em padrões mais antigos, não o fazem pois isso “pararia o mercado”.

Apesar da postura impositiva da ANS, Kiatake elenca ao menos dois pontos positivos do atual cenário regulatório de TISS. Primeiro a ampliação do TUSS, pois apesar de parecer “um contrassenso desenvolver um novo sistema para trabalhar com uma tabela velha”, e de o TUSS ainda não abarcar 100% dos procedimentos, pelo menos permite que haja um parâmetro de trabalho para os desenvolvedores e instituições.

Segundo ponto: com a entrada em vigor do padrão 3.0, a ANS passará a contar com informações detalhadas sobre o cenário da adoção do TISS no Brasil. Saberá assim que a maioria das instituições ainda está bastante atrasada para, aí sim, tentar entender o porquê.

Detalhes
A última versão da Troca de Informações na Saúde Suplementar, ou Padrão TISS, foi instituída em resolução de outubro de 2012 (RN 305). O documento estabelece uma série de obrigações principalmente às operadoras, mas também aos prestadores. Daiane Maciel, coordenadora e fundadora da Comissão de Estudo Técnico TISS (CET TISS), destacou algumas delas durante o evento da ABNT.

A nomeação de um responsável pelo TISS na operadora, por exemplo, é um passo importante no acompanhamento da implantação e para “levar para a diretoria quanto tempo vai levar cada atualização e quanto o processo vai custar”. A necessidade de disponibilizar acesso aos serviços em versão web para os prestadores, a mudança para um cultura 100% baseada em guias eletrônicas, baseada integralmente em TUSS, e o uso do certificado digital ICP-Brasil também devem ser pontos de atenção.

“Os sistemas tem que estar preparados para essa atualização de versionamento e atualização dos dados”, disse a especialista. E, ao falar sobre o uso de papel apenas para contingências, deu puxões de orelha: “O mercado ainda não entendeu que o TISS nasceu para substituir o papel. Só quando entender isso teremos alguma evolução.”





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