Amil está na emergência?
02/12/2020
Terceira maior operadora de planos de saúde do País, com 2,8 milhões de clientes, a Amil deve passar por um tratamento intensivo em sua estrutura operacional nos próximos meses. A prescrição é, basicamente, encolher em tamanho para crescer em rentabilidade. Sob o comando do CEO José Carlos Magalhães, que assumiu a cadeira do médico Claudio Lottenberg há um ano, o grupo procurou o banco BTG Pactual para tentar vender as carteiras de planos de saúde individual dos usuários de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, além dos hospitais Paulistano, Caieiras e Sumaré, localizados na capital paulista, e o Hospital Vitória, em Curitiba. Procurado pela DINHEIRO, Magalhães não concedeu entrevista. Em nota, a Amil informou que “não comenta rumores de mercado ou especulações.”
 

Nos bastidores, no entanto, sabe-se que a companhia já colocou vários ativos à venda e que está em conversas avançadas com operadoras regionais para se desfazer de carteiras de planos individuais e dos planos de livre escolha — considerados “ativos podres” pela Amil, segundo fontes ligadas à empresa. “A Amil está determinada a abrir mão de volume para ter mais margem em carteiras empresariais em cidades de médio porte e capitais”, afirmou um executivo ligado à empresa, a par das negociações. “Existe uma grande insatisfação da controladora, a americana UnitedHealth, com o desempenho da empresa em alguns segmentos, e uma pressão grande sobre o presidente.”

 

MESMO PADRÃO A venda das carteiras de planos não deve representar, em um primeiro momento, prejuízos aos atuais beneficiários. Pelas regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a empresa que adquirir essas carteiras é obrigada a oferecer aos usuários hospitais do mesmo padrão dos ofertados pela Amil. A rentabilidade que é vista como baixa pela UnitedHealth pode representar um bom negócio para operadoras de saúde menores. As carteiras da Amil em São Paulo, Rio e Curitiba têm juntas um lucro operacional de R$ 264 milhões. Segundo uma reportagem do jornal Valor Econômico, o BTG Pactual já conversou com 15 potenciais interessados, mas as negociações ainda não avançaram para uma assinatura de contrato em razão da complexidade do negócio. A taxa de sinistralidade muito elevada seria o principal fator de risco para o comprador. Na carteira paulista, que tem 272 mil vidas, o índice do ano passado variou entre 91% a 112%. No Rio de Janeiro, com 95 mil vidas, esse índice oscila de 78% a 82%. Já em Curitiba, que tem cerca de 26 mil clientes, o percentual vai de 90% a 109%. Uma operação rentável tem uma sinistralidade na casa dos 75% ou menos.

Além da pressão da matriz para a Amil se livrar de ativos e carteiras pouco rentáveis, fontes ligadas à empresa afirmam que há um crescente clima de tensão entre os executivos da operação brasileira e o board americano. A principal fonte de atrito seria o estilo de gestão centralizador da CEO global Molly Joseph, que nos últimos dois anos minou a autonomia dos presidentes da Amil.

 

A substituição de Lottenberg por Magalhães, anunciada em setembro de 2019, foi parte de processo de transferência de poder para a UnitedHealth Group. “Existe um problema de governança na estrutura da Amil, em que presidentes não têm poder de decisão para definir estratégias e investimentos”, afirmou a fonte. “A Molly Joseph é a manda-chuva no grupo no mundo e quem dá as cartas no Brasil.”

A mudança de rota da Amil no País ocorre em um ambiente mais favorável para as empresas de saúde privada. Pelas contas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), totalizou 47.118.643 usuários em planos de assistência médica em setembro, aumento de 0,37% no comparativo com agosto e de 0,27% em relação a setembro de 2019. Foi o melhor resultado em 20 meses. Entre os estados, no comparativo com setembro do ano anterior, o setor registrou aumento de beneficiários em planos de assistência médica em 17 unidades federativas, sendo Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal os que tiveram o maior ganho de beneficiários em números absolutos.

Fonte: Isto É




Obrigado por comentar!
Erro!
Contato
+55 11 5561-6553
Av. Rouxinol, 84, cj. 92
Indianópolis - São Paulo/SP