Dentro desse cenário, a Rede D’Or foi uma das empresas que mais fez doações para construção de hospitais de campanha, leitos, aquisição de equipamentos de proteção, entre outras frentes para ajudar a rede pública de saúde a enfrentar a pandemia. O grupo doou R$ 170 milhões e arrecadou mais R$ 100 milhões com parceiros.
“A covid-19 foi, sem dúvida, o nosso maior desafio nesta última década. Me lembro que, no começo, fiquei impressionado pela China ter conseguido construir um hospital em dez dias, depois soube que não era uma unidade de complexidade. Conseguimos construir hospitais de campanha de complexidade em 15 dias. Isso nos deu muito orgulho”, disse Jorge Moll, fundador e presidente do conselho da Rede D’Or.
Moll lembrou que todas essas ações ocorreram em paralelo à capacitação dos profissionais e adoção de protocolos de segurança dos médicos, enfermeiros e funcionários para evitar a contaminação de uma nova doença, caracterizada pelo seu alto índice de contaminação.
O ano de 2020 começou com a pandemia e está terminando com outro grande desafio. A Rede D’Or deve realizar sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) neste mês de dezembro. A expectativa é que a companhia capte na sua oferta primária entre R$ 7,5 bilhões e R$ 10 bilhões levando o grupo ser avaliado na casa dos R$ 100 bilhões. Se concretizado, será um dos maiores IPOs do ano para uma transação esperada há anos pelos investidores.
Esse interesse do mercado financeiro não é à toa. A população brasileira está envelhecendo, o que demandará cada vez mais cuidados de saúde. Ao mesmo tempo esse é um setor com custos elevados que demanda escala. No Brasil, o processo de consolidação de hospitais é recente e há poucos grupos com um volume relevante de leitos hospitalares. Construir um hospital do zero leva cerca de três anos e uma aquisição de uma unidade pronta que tenha credibilidade médica em sua praça de atuação demanda recursos elevados. As últimas quatro aquisições fechadas pela Rede D’Or reuniam essas características e demandaram investimentos de mais de R$ 2 bilhões.
Além de ter a maior rede de hospitais do país, o grupo vem diversificando o seu negócio tendo em vista as tendências que se desenham na área da saúde. Entre elas estão, por exemplo, o crescimento dos casos de câncer e outras doenças relacionadas ao envelhecimento, demanda por serviços de cuidados e prevenção da saúde e modelos de remuneração baseados em performance médica. A prática da telemedicina é outra ferramenta que está recebendo atenção da rede.
Atualmente, o grupo conta com mais de 50 hospitais, 45 clínicas oncológicas, laboratórios de medicina diagnóstica, empresas de banco de sangue, corretora de planos de saúde e área de pesquisa científica.
Na epidemia da zika vírus, os estudiosos do Instituto D’Or Pesquisa e Ensino (Idor) revelaram a relação deste vírus com os casos de bebês nascidos com microcefalia, a prevalência no Nordeste e a presença de toxinas na água consumida pela população nordestina que contribuía para um maior número de ocorrências nessa região do país.
Atualmente, o Idor está trabalhando em parceria com a Universidade de Oxford, do Reino Unido, nos estudos e testagem da vacina da covid-19 no Brasil.