Discussão foi feita durante webinar sobre a telemedicina pós-pandemia
Com a chegada do coronavírus, o Governo Federal precisou regulamentar a telemedicina em caráter emergencial e somente durante a pandemia. O serviço está liberado temporariamente, com poucas definições, mas não se sabe como ele ficará após o fim do estado de emergência. Para discutir sobre a telemedicina pós-pandemia, a UNIDAS – Autogestão em Saúde realizou um webinar na última semana com a participação de Anderson Mendes, presidente da entidade, José Luiz Toro, consultor jurídico, e Adriana Ventura, Deputada Federal.
Mendes abriu a discussão falando sobre a experiência das autogestões com a telemedicina e sobre a importância do serviço para o cuidado integral durante a pandemia. Desde abril, a UNIDAS disponibilizou gratuitamente a todas as suas 106 empresas filiadas uma plataforma de telessaúde, chegando a 4,5 milhões de beneficiários.
“As autogestões têm, historicamente, um viés assistencial, então sempre focamos no cuidado integral. Temos autogestões que o beneficiário fica 50 anos na carteira e isso nos da uma condição ímpar de fazer esse cuidado, na parte médica, mental, nutricional, em todos os aspectos. Com a pandemia, perdeu-se o acesso a essas pessoas. No ápice, ninguém estava fazendo suas consultas e acompanhamentos de rotina. Como dar continuidade ao cuidado? A telemedicina veio para ajudar nisso”, explicou Anderson.
O presidente também pontuou sobre a telemedicina ser um ponto dentro da telessaúde e falou sobre a importância de fazer a integração desse serviço. “A telemedicina não pode ser mais um cuidado fragmentado desse paciente. Ela tem que vir agregada no cuidado integral, na gestão de saúde da população. Ela não vai substituir tudo, exames e cuidados presenciais serão necessários. Precisamos entender o potencial da ferramenta para implementar de forma ampla e segura”.
A Deputada Federal Adriana Ventura também falou sobre a importância da telemedicina para uma maior democratização de acesso à saúde e a transposição de barreiras, mas mantendo a qualidade, além de reconhecer sobre a necessidade do serviço, e falou sobre a importância da autonomia para lidar com isso. “Utilizar o serviço de telemedicina precisa ser uma escolha do paciente e do médico. É importante que o médico tenha autonomia para escolher se quer atender dessa maneira ou não, e é algo que precisa ser considerado e respeitado”, explicou.
Anderson trouxe exemplos de outros países que já trabalham com telemedicina há anos, como a Espanha, falou sobre a dicotomia entre os conselhos e propôs uma reflexão sobre o custo de não ter feito. “Qual é o custo de não fazer e de não ter discutido sobre o assunto de uma maneira aberta e franca? A pandemia trouxe a necessidade de se fazer de uma forma bruta. A telemedicina é um caminho sem volta, agora precisamos encontrar a melhor forma de se fazer”.
Adriana Ventura também falou sobre alguns pontos importantes que são discutidos dentro da regulamentação, como a primeira consulta, remuneração e território. “É importante trabalhar com evidências. Ver os países que estão fazendo o uso da telemedicina, como eles fazem, por qual motivo limitam ou não. Temos muito o que avançar nessas discussões, mas não podemos colocar tudo no mesmo bolo”, pontuou
Anderson abordou a importância de discutir o que será feito a partir de agora e sobre empoderar a população com informações para tomada de decisão. “Temos que olhar o desfecho, o valor entregue aos beneficiários, avaliar que indicadores transparentes estamos criando para esses serviços para que as pessoas possam escolher e tomar decisões com mais empoderamento”.