O Banco do Brasil e a SulAmérica podem reeditar parceria na operação de seguro saúde, que acabou em 2010 com a reestruturação da área de seguros do banco que culminou com a posterior criação e abertura de capital da BB Seguridade.
A BB Seguridade está rodando um piloto de distribuição de seguro saúde na rede do banco, na qual a SulAmérica entraria com a gestão e a análise de risco do produto. "Já estamos com o piloto junto com a SulAmérica em uma parte razoável do território nacional", disse Marcelo Labuto, presidente da BB Seguridade, ao Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor. Segundo ele, a operação deve estar no ar ainda neste ano.
Ele explica que a companhia não quer correr o risco do negócio, por isso busca um parceiro com capilaridade nacional para operar o produto, ficando apenas com a distribuição. Labuto ressalta que o parceiro definitivo ainda não foi escolhido e que a companhia não tem contrato de longo prazo e com cláusulas de exclusividade com a SulAmérica.
A holding de seguros procura montar um modelo de negócios que não sobrecarregue a força de vendas do banco, principal canal de distribuição dos produtos da BB Seguridade. A maior preocupação é com a parte do pós-venda. "Estamos testando modelos e processos de qualidade da operação, pois é um produto que é usado em momentos de fragilidade da vida do cliente", diz Werner Suffert, diretor de finanças e relação com investidores da BB Seguridade.
Se efetivamente fecharem negócios, as duas companhias vão retomar a parceria que mantiveram de 1995 até 2010 em duas empresas: uma de seguro saúde (Brasilsaúde) e uma de seguro de automóvel (Brasilveículos). Quando desfizeram o acordo, a SulAmérica ficou com a carteira de saúde e o Banco do Brasil com a de veículos.
Procurada, a SulAmérica não se pronunciou porque está em período de silêncio por conta da divulgação de resultados do primeiro trimestre, prevista para o dia 15.
A operação de seguro saúde não deve ter relevância nos resultados da BB Seguridade. "Vai ser uma linha de negócios mais marginal, cuja estratégia é complementar o nosso portfólio, principalmente para os clientes empresariais", diz Labuto. Segundo ele, é uma estratégia diferente das outras linhas em que a companhia atua, onde opera para ser líder do mercado.
O executivo explica que o seguro saúde é um produto de baixa rentabilidade e que traz um risco de imagem grande para a empresa. É importante tê-lo na prateleira, porém, para complementar a oferta de produtos para os clientes pessoas jurídicas, principalmente. "É um benefício que as empresas usam como ferramenta de retenção de funcionários, assim como plano odontológico e plano de previdência", afirma.
O BB tem uma grande carteira de crédito para pequenas e microempresas - com faturamento bruto anual de até R$ 25 milhões. O banco tem 2,3 milhões de clientes nesse segmento e o saldo das operações com esse público fechou março em R$ 100 bilhões.
Analistas citam a operação de saúde como complementar à de planos odontológicos e veem com bons olhos o modelo que a empresa está buscando, de ter um parceiro que assuma o risco da operação. A empresa de odonto da BB Seguridade em parceria com a Odontoprev aguarda apenas autorização da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e do Conselho Federal de Odontologia para iniciar operação, segundo Labuto.
A BB Seguridade atua em segmentos de alta rentabilidade, o que garantiu um retorno médio sobre o patrimônio de 46,7% no primeiro trimestre. A operação de planos de previdência, por exemplo, teve retorno sobre o patrimônio de 60% no período e a de títulos de capitalização, 130%. A companhia distribui 80% de seu lucro em forma de dividendos, o que deve ser mantido, segundo Labuto. "Retemos o mínimo necessário para as operações."
© 2000 – 2014. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.
Leia mais em: